Um panorama do Teatro do Oprimido 10 anos após a morte de Augusto Boal, seu criador.

Por Jairo Sanguiné, com Assessoria

Neste mês de maio completou-se dez anos da morte do dramaturgo carioca Augusto Boal, criador do “Teatro do Oprimido” na década de 60, metodologia que une teatro e ação social e que tornou seu trabalho conhecido internacionalmente. Para celebrar a data, o Centro de Teatro do Oprimido – CTO do Rio de Janeiro abre as portas de seu casarão, na Lapa, com uma intensa programação gratuita no próximo dia 5 de junho.

As atividades começam às 18h com apresentação da peça de Teatro-Fórum “Nós não somos invisíveis”,  do grupo Marias do Brasil, formado por trabalhadoras domésticas. Em seguida, uma roda literária, com livros sobre o método publicados, após 2009, serão apresentados e lançados. Cecília Boal, esposa do teatrólogo fala sobre a trajetória de Boal no Teatro de Arena: “Cecília conta Boal”. Encerrando o evento, os Curingas do CTO que trabalharam com Boal fazem a roda de conversa “Os Curingas e suas cartas” sobre os principais desafios e descobertas que realizaram com o teatrólogo. Os Curingas pioneiros do CTO se juntam a atual equipe da instituição para dialogarem sobre os desdobramentos e desafios enfrentados pelo método após o falecimento de seu criador em 2009.

Entre os temas abordados estão a continuidade e sustentabilidade do método e da instituição, em especial o atuais projetos: Circuito Teatro d@ Oprimid@ Petrobras, patrocinado pela Petrobras, e o Ponto de Cultura, patrocinado pela Secretaria Municipal de Cultura do Rio e o programa Cultura Viva.

 

Programação

 

18:00h – Abertura

18:30h – Peça de Teatro-Fórum – Marias Do Brasil

19:30h – Apresentação dos Livros

20:30h – Cecília conta Boal + vídeo

21:10h – Boal + 10 – Curingas e suas cartas

22:30h – Encerramento

 

Serviço

O QUE: Boal Teatro do Oprimido + 10

QUANDO: 5 de junho, das 18h às 22:30h

ONDE: Centro do Teatro do Oprimido – Av. Mem de Sá, 31, Lapa

QUANTO: Gratuito

Informações: (21) 2232-5826

 

O CENTRO DE TEATRO DO OPRIMIDO – CTO

Centro de pesquisa e difusão, que desenvolve a metodologia do Teatro do Oprimido em Laboratórios, Seminários de Dramaturgia, ambos de caráter permanente, para revisão, experimentação, análise e sistematização de exercícios, jogos e técnicas teatrais. O CTO foi dirigido por Augusto Boal ao longo de seus últimos 23 anos de vida, e hoje sua equipe dá prosseguimento ao trabalho. A filosofia e as ações da instituição visam à democratização dos meios de produção cultural, como forma de expansão intelectual de seus participantes, além da propagação do Teatro do Oprimido como meio da ativação e do democrático fortalecimento da cidadania. O CTO implementa projetos que estimulam a participação ativa e protagônica das camadas oprimidas da sociedade, e visam à transformação da realidade a partir do diálogo e de meios estéticos. Atualmente desenvolve os projetos Circuito Teatro d@ Oprimid@, patrocinado pela Petrobrás, e Ponto de Cultura, com patrocínio da Secretaria Municipal de Cultura do Rio e do programa Cultura Viva.

PROJETO CIRCUITO TEATRO D@ OPRIMID@ PETROBRAS

No projeto Circuito Teatro d@ Oprimid@ Petrobras 2018/2020, 10 grupos populares coligados ao Centro de Teatro do Oprimido, pautados pela diversidade de abordagens –  “As Marias do Brasil”, “Pirei na Cena”, “Panteras”, “Maremoto”, “Cor do Brasil”, “Madalena-Anastácia”, “Escola de Teatro Popular”, “Madalenas Rio”, “Maré” 12, e “Ponto Chic”,  utilizam a Estética e o Teatro do Oprimido ocupando praças, ruas, escolas, teatros e os mais diversos contextos sociais e espaços da cidade com peças teatrais provocando reflexões, revelando as injustiças e fazer ações sociais concretadas e continuadas. Além das apresentações públicas, um projeto pedagógico batizado de Academia Livre de Estéticas Libertadoras vai oferecer qualificação de bases sólidas para a produção artística cujo programa contempla palestras e seminários públicos de temas de interesse da sociedade.

 

GRUPO DE TEATRO DO OPRIMIDO MARIAS DO BRASIL

Marias do Brasil é um Grupo de mulheres trabalhadoras Domésticas artistas-ativistas do Centro de Teatro do Oprimido que protagonizam a discussão da legislação trabalhista para as trabalhadoras domésticas através do Teatro Fórum. Fundado em 1998, em uma escola noturna onde estudavam muitas trabalhadoras domésticas. A primeira reivindicação do Grupo foi a carteira assinada. O Grupo produziu três espetáculos teatrais: Quando os Verdes Dos Seus Olhos Se Espalhar nas Plantações (que falava sobre a carteira assinada); Eu Também Sou Mulher (Que falava sobre o Fundo de garantia obrigatório, e assédio Sexual) e Nós Não Somos Invisíveis (que retrata o serviço Doméstico como origem da escravidão). Todas as peças do Grupo abordam as injustiças sociais sofrida pela categoria. O grupo conquistou vários prêmios, os mais recentes foram: Em 2014, recebeu da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, pelos 16 anos de trabalho reconhecido a partir do projeto para formação de Grupo Populares do Centro de teatro do Oprimido o certificado de Moção Honrosa. Em 2015, conquista o prêmio Ações Locais da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro. Em 2015 O Grupo também participou de um importante evento, o I Festival Madalenas Internacional de Teatro das Oprimidas na Patagônia Argentina. Em 2017, o grupo conquista um dos mais recentes Prêmios Leandro Gomes de Barros do Ministério da Cultura.

 

SINOPSE DA PEÇA DE TEATRO-FÓRUM “Nós Não Somos Invisíveis”: O espetáculo retrata a origem do trabalho doméstico. Aborda as Leis trabalhistas, que, apesar de serem obrigatórias, a categoria continua sendo desrespeitada, quando se trata de seus direitos. As trabalhadoras domesticas são na maioria composta por mulheres negras e pobres, e sofrem as consequências concretas da desigualdade de classe e raça no país.

 

FICHA TÉCNICA

Nome do Grupo:  MARIAS DO BRASIL

Espetáculo: Nós Não Somos Invisíveis

Autoras: Criação Coletiva do grupo

Direção: Maria Izabel Monteiro

Direção Musical:  Raphael Pippa

Elenco:Maria Izabel Monteiro, Maria da Paz Bento, Maria Antônia Alves, Cleusa Lopes, Carla de Carvalho

 

CECÍLIA BOAL

Nascida em Buenos Aires. Egressa da escola nacional de artes cénicas em 1960. Trabalha como atriz, diretora e roteirista de TV até 1966 ano em que se Incorpora ao elenco do Teatro  Arena de São Paulo participando de vários espetáculos e tournés. Em 1982 finaliza estudos de psicologia na universidade de La Sorbonne, Paris VII. Psicanalista e atriz preside o Instituto Augusto Boal criado,  em 2010. Desde então o Instituto realizou em outubro de 2013 o Primeiro Encontro de Teatro Latino Americano na Faculdade de Letras da Universidade Federal de Rio de Janeiro; Dezembro de 2014 – Ocupação Boal no Sesc Pompeia da cidade de São Paulo com a coordenação de Sérgio de Carvalho; Também em 2014 no CCBB de Rio de Janeiro – montagem de Zumbi com a direção de João das Neves; Dezembro de 2015 no CCBB – Exposição “Augusto Boal” com curadoria de Hélio Eichbauer; Novembro de 2015- a exposição sobre o Arena  “Um Teatro de Resistência” e inaugura no Sesc Tijuca – Curadoria de Cícero de Almeida; Junho de 2016 – exposição  “Cartas do Exilio”, curadoria do Eucanãa Ferraz, no Instituto Moreira Salles da cidade de Rio de Janeiro; Junho de 2016 – Encontro Internacional do Teatro do Oprimido na Escola Nacional Florestan Fernandes, estado de São Paulo.

 

CURINGAS DO CTO

GEO BRITTO: Integra o CTO desde 1990, sociólogo (PUC/RJ), Mestre no Programa de Pós-Graduação em Estudos Contemporâneos das Artes-UFF (2013). Consultor de Práticas Artística e Pedagógicas do Centro de Referência em Direitos Humanos, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (2012). Pelo CTO atuou nos principais projetos da instituição, entre eles, Teatro do Oprimido na Maré, Teatro do Oprimido na Saúde Mental, Teatro do Oprimido nas Prisões entre outros. Ministrou oficinas de Teatro do Oprimido pelo mundo com passagens nos seguintes países: Argentina, Uruguai, Bolívia, Colômbia, Peru, México, Nicarágua, Guatemala, Canadá, Estados Unidos, Egito, Moçambique, África do Sul, Palestina, Índia, Alemanha, Reino Unido, Áustria, Portugal, Espanha, Croácia: 2010.

HELEN SARAPECK: Doutoranda e Mestre em Artes Cênicas (UNIRIO). Atuou no CTO de 1990 a 2016 em diversas funções e como Coordenadora da Instituição. É atriz, bióloga, encenadora e produtora, além de escritora sendo coautora dos livros “Teatro do Oprimido e Outros Babados – A Diversidade Sexual em Cena” e “Teatro do Oprimido e Universidade: Experimentos, Ensaios e Investigações”. Atualmente integra a equipe do GESTO – Grupo de Estudos em Teatro do Oprimido.

OLIVAR BENDELAK: Engenheiro Químico, Curinga do CTO de 1992 a 2013, onde atuou fortemente com o Teatro legislativo, Olivar atualmente trabalha no ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), órgão vinculado ao Ministério do Meio Ambiente.

MONIQUE RODRIGUES: é acadêmica em Sociologia e Curinga do CTO desde 2006, onde trabalhou diretamente com Augusto Boal. Iniciou suas atividades em Teatro do Oprimido no Grupo Popular Panela de Opressão (1998/2002). Coordenou o GTO Liberarte (2007/2011), trabalho que foi contemplado pelo Prêmio Loucos por diversidade (2009), promovido pelo Ministério da Cultura/ Secretaria de Diversidade Cultural e pelo prêmio Agente Jovem de Cultura (2012), promovido pelo Ministério da Cultura / Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultura. Atualmente é curinga do grupo de Teatro do Oprimido Maré 12 (2014/2015), do projeto Teatro do Oprimido na Maré (2014/2015) e do grupo Madalenas Rio (2014/2015), ação que faz parte da Rede Madalenas – Teatro das Oprimidas.

CLAUDIA SIMONE: Psicopedagoga e pedagoga. Entrou para o Centro de Teatro do Oprimido em 2003, trabalhando diretamente com Augusto Boal e equipe. Criadora do grupo de teatro do Oprimido Pirei na Cenna e cofundadora do grupo de Teatro do oprimido Cor do Brasil. Atualmente é Coordenadora pedagógica do projeto. Circuito TO do Centro de Teatro do Oprimido. É diretora artística de Pas à Passo Théâtre de l’Opprimé ( Associação de Teatro do Oprimido na França). Integra a Red Ma(g)dalena International (Teatro das Oprimidas). É integrantes dos Coletivos Madalena Anastácia e TOgether International Theatre Company

ALESSANDRO CONCEIÇÃO: é Curinga do CTO desde 2006, Jornalista e mestre em relações étnico raciais. A caminhada com Teatro do Oprimido vem de 2001 com o GTO Pirei na Cenna, projetos em Saúde Mental, Pontos de Cultura e de formação de grupos populares, além de experiências na Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Estados Unidos, Guatemala, Nicarágua, Espanha, Moçambique, Zâmbia, Senegal e Uruguai. Na luta antirracista é artista-ativista do grupo Cor do Brasil e do coletivo Siyanda – Cinema Experimental do Negro. Nas artes da vida já foi camelô, jovem aprendiz de banco, atendente em loja de chocolate e educador social.

MAIARA CARVALHO: Integra a equipe do CTO desde 2016. Graduanda em pedagogia na Faculdade Gama e Souza. É curinga responsável pelo grupo de Teatro do Oprimido Maré 12. Atua na capoeira há 8 anos. Professora de capoeira infantil. Realizou oficinas de Teatro do Oprimido com meninas do DEGASE em janeiro de 2016. É coautora do artigo “Paz na Maré,” publicado na revista METAXIS pelo CTO. Em 2015, foi contemplada pelo Prêmio Território de Cultura. Atua e integra o GTO Cor do Brasil.

GABRIEL HORSTH: Gabriel é graduando em atuação cênica pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e, atualmente, integra a equipe do Centro de Teatro do Oprimido. É curinga responsável pelo Grupo Pantera, formado por jovens LGBTs favelados da Maré. Atua no Grupo de Teatro do Oprimido (GTO) Cor do Brasil e no Grupo Atiro. Foi comtemplado em 2015 com o prêmio Territórios de Cultura da Secretária Municipal de Cultural do Rio de Janeiro com o projeto “Verniz”. Fez parte do Projeto de Extensão da UNIRIO, Teatro em Comunidades, de 2012 até 2015 como ator. Foi contemplado pelo edital Plano de Autonomia Territorial (PAT) 2016 da Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude do RJ, para fazer o “Laboratório LGBT de Teatro do Oprimido” no Complexo da Maré.