Conheça o lendário Beco das Garrafas, berço da Bossa Nova

Por Jairo Sanguiné

O Beco das Garrafas é um lugar lendário para a música brasileira. Fica numa viela na rua Duvivier, em Copacabana, a uma quadra da praia, mas boa parte dos cariocas ignoram a história do icônico berço da Bossa Nova. Foi ali, por exemplo, que Elis Regina fez seu primeiro show como profissional em 1963, quando o local era ponto de encontro de boêmios e jovens músicos em início de carreira e que hoje são consagrados, como Sergio Mendes, Jorge Ben e Wilson Simonal, além de produtores como o próprio Bôscoli e Luís Carlos Miele, que escolheram o Little para seus pocket-shows.

O jornalista Ruy Castro, em seu livro Chega de Saudade, em que conta a história da Bossa nova, diz que o Beco foi um espaço de música ao vivo “muito conveniente para o samba-canção que então dominava. Todas as cantoras ‘modernas’ passaram por ele. As pessoas só pensam no Beco como um ambiente da bossa nova, mas, de 1950 a 1960, ele foi um reduto do samba-canção.

Elis Regina no início da carreira em show no Beco

O Beco das Garrafas foi batizado assim porque enquanto os boêmios bebiam e cantavam no beco, moradores do prédio ao lado jogavam garravas para protestar contra a fuzarca. No início eram três pequenas boates no local, uma ao lado da outra, o Bottle’s Bar,  o Little Club e o Baccarat.

Quando a Bossa Nova começou a perder espaço no gosto popular para um novo movimento que surgia, a Jovem Guarda, em 1966, o Beco 1966  entrou em decadência e as boates substituíram a música por show eróticos e strip-tease até meados dos anos 2000, quando fecharam as portas. Em novembro de 2014, Amanda Bravo, produtora e filha do conhecido produtor cultural Durval Ferreira, falecido em 2007, reabriu o Bottle´s Bar junto com o empresário Sérgio de Martino, que havia trabalhado como caixa no Little..

Hoje o pequeno palco recebe uma programação de qualidade com artistas que apresentam releituras da Bossa Nova além de muito jazz brasileiro.