Quer conhecer como era o Rio de Janeiro do séc. XIX? Então leia Machado.

Ler Machado de Assis é viajar pelo Rio de Janeiro da segunda metade do séc. XIX, época do fim da escravidão, do segundo reinado e da proclamação da república, quando a cidade vivia grandes transformações. Praticamente toda obra machadiana tem o Rio de Janeiro como cenário e ambientação. Na época, a cidade era, além de capital federal, a capital cultural, o grande centro de debates e decisões políticas.

No seu romance mais famoso, Dom Casmurro, por exemplo, era na rua Mata Cavalos (atual Riachuelo, no centro) que Bentinho e Capitu vieram sua infância. Machado dizia que essa era a mais carioca das ruas. O livro também tem passagem pela praia do Flamengo, onde o melhor amigo de Bentinho e suposto amante de Capitu, Escobar, Morreu afogado enquanto nadava durante uma forte ressaca do mar.

Ao passear pela Gamboa, na zona portuária, impossível não tentar imaginar onde seria a casa em que Brás Cubas se encontrava com sua amante Virgínia. Foi ao lado Igreja do Carmo, na  rua Direita (hoje Primeiro de Março), que a avó de Quincas Borba foi atropelada por uma carruagem e acabou morrendo.

O então aristocrático  bairro de Botafogo abrigava o casarão de Cristiano Palha e Sofia, a mulher por quem Rubião ficou deslumbrado em Quincas Borba.

O centro do Rio, sobretudo a Rua do Ouvidor, centro comercial e de efervescência política da época, e o Largo de São Francisco com suas carruagens, coupés, seges, tilbures, cabriolés, vitórias… estão ali, descritos magistralmente em vários de seus romances e contos. Aliás, foi na rua do Ouvidor que Brás Cubas reencontra Virgília depois de muito tempo. Foi no Catumbi , numa chácara, onde “expirou” Brás Cubas, segundo ele mesmo relata em suas memórias póstumas.

Sabe o que é o largo do Rossio Grande? Nada mais do que a atual rua Tiradentes. Foi ali que Brás Cubas viu pela primeira vez a bela Marcela, numa festa de Primavera.

Alguém sabe onde ficava o Morro do Castelo? No centro! Foi nele que a cabocla Bárbara previu o futuro de Pedro e Paulo, os gêmeos de Isaias e Jacó. A Igreja São José , ao lado da Assembléia Legislativa é onde o “chocheiro e o lacaio” aguardavam Natividade, a mãe dos gêmeos, enquanto ela se consultava com a “cabocla do castelo”.

São muitos lugares do Rio rerferenciados na obra do “Bruxo do Cosme Velho”, como Machado era também conhecido. Existe, inclusive um aplicativo “Rio de Machado”, que ajuda a conhecer mais sobre esses lugares nos textos machadianos.

Caminhar pelos percursos machadianos nas ruas do Rio é uma experiência fantástica para quem quer conhecer melhor a cidade e a própria obra do escritor.

Veja os lugares citados por Machado em suas respectivas obras:

  • Resssureição (1872) – Catumbi, Centro, Glória, Laranjeiras, Tijuca
  • A mão e a luva (1874) – Botafogo, Centro
  • Helena (1976) – Botafogo, Centro, Glória, Rio Comprido
  • Iaiá Garcia (1976) Botafogo, Centro, Glória, Santa Teresa, São Cristóvão, Tijuca
  • Memórias Póstumas de Brás Cubas (1891) – Botafogo, Catete, Centro, Santa Teresa, Zona Portuária
  • Quincas Borba (1891) Botafogo, Catete, Centro, Santa Teresa, Zona portuária
  • Dom Casmurro (1899) – Andaraí, Catete, Corcovado, Centro, Engenho Novo, Flamengo, Glória, Lapa, Tijuca
  • Esaú e Jacó (1894) – Catete, Centro, Copacabana, Flamengo
  • Memorial de Aires (1908) – Botafogo, Catete, Centro, Flamengo, Paineiras.