Vergel não é sobre luto e não é sobre dor. É sobre a espera. E sobre como lidamos com isso. Um filme feminino, delicado e inquietante. Enquanto aguarda a liberação do corpo do marido morto em um acidente durante as férias do casal na Argentina, uma brasileira (vivida apreensivamente por Camila Morgado) transita entre o consciente e a inércia que a paralisam diante de si mesma. Cada cena é um misto de angústia e cor que mais parecem saídas das telas de Frida Kahlo ou Almodóvar e o apartamento onde se passa a história mostra bem essa relação.
Se para um casal feliz parecia o ambiente perfeito, na hora da perda o lugar se torna minúsculo e asfixiante. As paredes de cores fortes e a sacada repleta de plantas contrastam ainda mais com o estado de suspensão da personagem. E nesse contexto, uma vizinha (interpretada por Maricel Alvarez) se oferece para ajudar a regar as plantas do apartamento e leva a brasileira a reconfigurar, ou ressignificar, a sua espera.
Nada de spoilers porque Vergel merece ser assistido de coração aberto, prestando atenção nos detalhes, nas palavras não ditas e que dizem tudo, nas imagens que nos confundem e na pausa que muitas vezes não damos aos nossos sentimentos. E entender que amor, dor, espera e desejo cada um tem seu lugar e seu momento.
Vergel
Brasil/Argentina
2017 | Estreia 07/02/2019


Direção, roteiro, produção e fotografia: Kris Niklison
Gênero: Drama
Duração: 86 min
Elenco: Camila Morgado, Maricel Alvarez, Maria Alice Vergueiro, Daniel Fanego e Daniel Araoz