Ano Marx e o teatro de B.Brecht no Armazem Cultural

Nenhum espectador assistirá ao mesmo espetáculo, afinal, um homem tem muitas possibilidades. É assim que a companhia Ensaio Aberto apresenta o espetáculo “Que tempos são esses?”, releitura com viés marxista da obra do dramaturgo, intelectual e militante alemão Berthold Brecht, em cartaz no Armazém da Utopia (Orla Conde , Armazém 6, Cais do Porto) até 31 de março.

O espetáculo tem quatro horas e meia de duração, nada cansativas é bom dizer.

E  você não precisa assistir tudo, pode chegar e sair a qualquer hora que mesmo assim terá valido a pena. Inclusive sobre isso o próprio dramaturgo alemão sentenciava:  “Em nosso teatro, não existem espectadores atrasados”.

“Que tempos são esses” apresenta performances ininterruptas com 15 atores em cena que transformam a peça numa verdadeira instalação viva.  Aliás, teatro, instalação, performance…o espetáculo é tudo isso junto, “um grande mosaico da práxis de Brecht”, como dizem os produtores. Com direção de Luiz Fernando Lobo,  “Que tempos são esses?” é o segundo  espetáculo do projeto “Ano Marx”, juntamente com “Estação Terminal”,  ambos produzidos em comemoração aos 200 anos de Karl Marx e 25 anos da Companhia Ensaio Aberto. Ao adquirir o “Embarque Ano Marx” você assiste os dois espetáculos e ganha mais desconto nos ingressos dos dois. Além disso, quem adquirir o embarque terão prioridade para participarem das outras atividades do Ano Marx , como seminários, palestras gratuitas e apresentações artísticas.

Desde o início de sua carreira, Brecht pautou sua produção na crítica ao sistema capitalista e sempre lutou pelo socialismo teve sua formação político nas teorias marxistas. “Que Tempos São Esses?”, no entanto, não é um experimento cênico sobre a vida e a obra de Brecht. Não há menções sobre os principais fatos históricos da vida do escritor e nem sobre todas as suas obras. Existem apenas recortes e fragmentos, pois teatro político alemão, sobretudo de Brecht, se confunde com a história da luta política dos trabalhadores e dos primeiros movimentos operários

O Ano Marx

No projeto Ano Marx a Companhia Ensaio Aberto trabalha a arte do espectador como Quarto Criador e convida o público a se aventurar nos ombros desse gigante. Em comemoração ao bicentenário de Karl Marx  e aos 25 anos da Companhia Ensaio Aberto, o grupo está  realizando desde o ano passado uma série de atividades públicas conjugando política e arte.

“Brecht dizia que tão importante quanto desenvolver a arte no palco era desenvolver a arte dos espectadores. Ele queria se dirigir aos filhos da era da mercadoria. Desejava espectadores produtores e não apenas consumidores. Para Brecht, Marx seria o seu espectador ideal. É a partir desse pensamento que lançamos o Ano Marx”, dizem os produtores.

Desde a sua fundação a Companhia Ensaio Aberto enxerga em Marx e Engels companheiros que estruturam a espinha dorsal de seus estudos e modos de produção artística. Além do já lembrado Bertolt Brecht, resgataremos outros artistas em nossos trabalhos ao longo do ano de 2018, sem jamais perder do horizonte algo comum a todos eles: A busca por reassociar engajamento e divertimento, palavras que foram historicamente apartadas pelo teatro burguês.

A Companhia Ensaio AbertoA Companhia Ensaio Aberto propôs-se a retomar o teatro épico no Brasil, na formulação de um pensamento crítico e na busca da superação do drama como forma cênica. Um teatro onde o solo do indivíduo desapareceu, onde o centro não está mais no indivíduo, mas no complexo das relações sociais. Tudo começou com O Cemitério dos Vivos, em 1993. Desde então, foram diversas peças que se revezaram em repertório em várias edições diferentes, entre elas Missa dos Quilombos, que ficou em cartaz mais de uma década e tornou-se um símbolo do trabalho do grupo. Os últimos espetáculos da companhia foram Sacco e Vanzetti que ficou em cartaz de 2014 a 2016 e 10 Dias que abalaram o mundo em 2017 comemorando 100 anos da Revolução Russa.

O Armazém da Utopia

O Armazém da Utopia é a casa da Companhia Ensaio Aberto desde outubro de 2010. A arquitetura singular, marcada pela estrutura original em aço e pelas paredes de tijolo aparente, preserva a memória do seu passado portuário. Localizado no coração histórico do Rio, o armazém centenário de cinco mil metros quadrados é um espaço múltiplo e dinâmico que sedia eventos culturais de grande porte. Seu espaço é multidisciplinar para democratizar o acesso, promover a inclusão social e a formação do cidadão.

Ficha Técnica:

Direção: Luiz Fernando Lobo

Dramaturgia: Luiz Fernando Lobo e João Batista

Direção de Produção: Tuca Moraes

Produção Executiva: Cida de Souza e Renata Stilben

Assistente de direção: Anna Carolina Magalhães

Espaço Cênico: Marcos Apóstolo e Luiz Fernando Lobo

Luz: Cesar de Ramirez

Elenco: Bruno Peixoto, Cláudio Basttos, Gé Lisboa, Geovane Barone, Gilberto Miranda, Henrique Juliano, João Raphael Alves, Luiza Moraes,

Luiz Fernando Lobo, Leonardo Hinckel, Natália Gadiolli, Nady Oliveira, Tayara Maciel, Tuca Moraes, Vinícius Oliveira

Figurinos e Objetos de Cena: Acervo Ensaio Aberto

Assessoria de Imprensa: Lead Comunicação

Dias, horários e valores:

Sexta às 19:00 – R$ 50,00 (Valor inteira)

Sábado às 19:00 – R$ 50,00 (Valor inteira)

Duração: 4h e 30 minutos

Temporada:

De 09/03/2018 Até 21/04/2018

Contato:

2516-4893

Classificação:

Livre

Genero:

Performance