Mostra resgata artista que teve pouca visibilidade após sua morte em 1979.
Por Jairo Sanguiné / R3S
Uma das maiores artistas brasileiras, com carreira internacional e reconhecimento da crítica ainda em vida, Djanira Mota da Silva (1914-1979) teve pouca visibilidade após sua morte. Agora, a artista ganha a maior exposição monográfica dedicada a ela nesses 40 anos, na Casa Roberto Marinho, com abertura neste dia 28 de junho. Intitulada “Djanira, a memória de seu povo”, a exposição com curadoria de Isabella Rjeille e Rodrigo Moura apresenta cerca de 70 obras e busca revisitar e reposicionar o trabalho de Djanira no cenário artístico brasileiro.
A exposição acontece a partir de uma parceria da Casa Roberto Marinho com o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) e busca apresentar às novas gerações a pintura moderna brasileira, e Djanira Silva possui um valor quase oculto nas últimas décadas.
O recorte curatorial proposto pela enfoca a busca da artista por uma pintura nativista e os temas da cultura popular aos quais se dedicou ao longo de toda a sua carreira – e onde reside sua contribuição mais original para o modernismo brasileiro. De origem social trabalhadora, Djanira retratou suas vivências e seu entorno social, pintando amigos e vizinhos, operários e trabalhadores rurais, paisagens do interior e manifestações sociais, culturais e espirituais, como religiões afro-brasileiras, populações indígenas e danças folclóricas.
Djanira da Motta e Silva (Avaré, São Paulo, 1914 – Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1979) foi uma artista fundamental do modernismo brasileiro. Pintora, desenhista, cartazista e gravadora, aos 25 anos foi morar em Santa Teresa, onde abriu uma pensão e pode conviver com artistas modernos que por lá passavam, como Milton Dacosta (1915-1988), a portuguesa Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992), o húngaro Arpad Szènes (1897-1985), o Carlos Scliar (1920-2001) e o romeno Emeric Marcier (1916-1990).
Seu interesse pela pintura a levou a ter aluas no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro e logo conseguiu expor pela primeira vez seus trabalhos na Divisão Moderna do Salão de Belas Artes e, em 1949 faz sua primeira individual no edifício da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio de Janeiro. Em 1943, participa da exposição Pintura Moderna Brasileira na Royal Academy of Arts, em Londres, Inglaterra. Nessa época, também expõe suas obras na Argentina, no Uruguai e no Chile. Entre 1944 e 1947, mora nos Estados Unidos.
Djanira tornou-se uma das líderes do movimento pelo Salão Preto e Branco, um protesto de artistas contra os altos preços do material para pintura. Em 1963, monta o painel de azulejos Santa Bárbara, para a capela do túnel Santa Bárbara, em Laranjeiras.
SERVIÇO
Mostra Djanira: a memória de seu povo
28 JUN A 27 OUT
Terça-feira a domingo
12h às 18h
*Entrada até 17h15
R. Cosme Velho, 1105
Rio de Janeiro, RJ