Histórica casa de shows em Botafogo poderá ter nova chance de retornar à ativa.
Por Jairo Sanguiné
Quando a grande dama dos musicais brasileiros, Bibi Ferreira, recebeu os aplausos, no dia 16 de outubro de 2010, ao final do espetáculo “De Pixinguinha a Noel, passando por Noel, as cortinas da mais famosa casa de show do Rio, o Canecão, fecharam-se definitivamente. Começava aí um longo e dolorido espetáculo de deterioração da casa que recebeu grandes nomes da música desde que inaugurou em 1967, como Maisa, em 1969, , o lendário encontro de Chico Buarque e Maria Bethânia em 1975; o quarteto Tom, Vinícios, Toquinho e Miúcha, em 1977; Elis Regina em 1980 no show “Saudade do Brasil, Cazuza, na turnê Ideologia; Legião Urbana, 1986; RPM, em 1986, Los Hermanos; Cauby Peixoto em 2003 e muitos outros shows históricos, boa parte deles gravados ao vivo naquele palco.
Nesta terça, haverá mais um episódio dessa série de brigas judiciais, atropelos, irresponsabilidades e descaso com a cultura. A ALERJ vota em regime de urgência o projeto de lei que revoga o tombamento do prédio, hoje um triste esqueleto arquitetônico que entristece quem passa no caminho entre Botafogo e Copacabana. Os autores do projeto são de partidos totalmente antagônicos: André Ceciliano (PT) e Rodrigo Amorim (PSL), que se uniram para defender o retorno do espaço cultural carioca.
Depois de muitas disputas judiciais, o prédio passou às mãos da UFRJ, que não teve condições de manter o espaço. Caso o projeto de destombamento seja aprovado, será possível uma revitalização do local, pois a universidade elaborou um projeto com apoio do BNDES para requalificar o local , já que o projeto tem propõe ceder terrenos da UFRJ à exploração comercial por até 50 anos. Segundo a reitoria da Universidade, a contrapartida será a construção de novos espaços acadêmicos como o novo equipamento cultural (em substituição ao antigo canecão), residência estudantil, equipamentos hospitalares na Praia Vermelha, salas de aula e edificações seguras para a realização de pesquisa que demandem segurança.
Com isso, reascende-se mais uma vez a possibilidade de o Canecão voltar a receber shows e outras produções culturais. É o que a comunidade artística e consumidores de cultura esperam.