A história da primeira rua do Rio de Janeiro
A rua do Lavradio foi aberta nos idos de 1770, considerada a primeira rua residencial3 do Rio de Janeiro. Ali, desfilaram grandes personalidades da nossa história, como Machado de Assis, Carmem Mirand, Duque de Caxias, Madame Satã e o escritor João do Rio, que desvendou a alma encantadora das ruas do Rio.
O nome Lavradio é em homenagem ao Marquês de Lavradio, D. António de Almeida Soares Portugal, que mandou construir a sua residência nessa rua, na década de 60 do século XVIII. Nela foram promovidas muitas festas e reuniões sociais como forma de compensar as poucas opções de lazer da capital da colônia. A construção abriga hoje a Sociedade Brasileira de Belas Artes.
Oscilando entre opulência e decadência, a charmosa rua chegou a abrigar seis teatros no século XIX. Com a reforma urbana do prefeito Pereira Passos, no início do século XX, a maioria as casas foi derrubada, transformando sobrados em cortiços. Parte do casario antigo resistiu e permanece de pé, o que nos permite ter uma ideia do clima da época.
Durante o império, era um dos locais mais visitados do Brasil, devido aos teatros, cafés e as casas ricas onde aconteciam grandes festas e reuniões da alta sociedade brasileira da época.
No entanto, em meados do século XIX veio a decadência, com fechamento dos teatros e cafés dando lugar a um ambiente de verdadeira degradação urbana. Tudo mudou novamente a partir de 1996, quando os comerciantes da região criaram a hoje famosa Feira do Rio Antigo, realizada no primeiro sábado de cada mês com comércio de antiguidades, artesanatos, roupas, objetos de decoração e outras coisas inacreditáveis que a gente só encontra lá mesmo.
A Feira fez renascer a rua, e o poder público voltou a investir na revitalização da área, com iluminação e segurança, transformando-se numa das principais atrações turísticas da cidade. A caminhada entre a rua Mem de Sá e a Visconde Rio Branco (ao lado da Praça Tiradentes) é cheia de surpresas, com shows de jazz e chorinho, mini-teatro, artistas de rua e muita comida boa. E tudo isso num cenário que nos remete direto para o Brasil da época do Império, cheio de casarões centenários.
Imagens e edição: Sany Dallarosa, especial para a Revista 3Sinais