Samba em Prosa, no Baticum Butiquim, vai conversar sobre Império, jongo e calango

No próximo domingo, 14, acontece mais uma edição do Samba em Prosa, no Baticum Butiquim, Andaraí, com uma convidada muito especial: a mais famosa jongueira da Serrinha, Tia Maria do Jongo, uma das fundadoras da Escola de Samba Império Serrano. O bate papo vai versar sobre os 72 da Império, completos no dia 23 de março, samba, jongo e calango.

Além da conversa com os convidados, conduzida pela escritora e historiadora Angélica Ferrarez, o evento tem uma roda de samba comandada por Rogério Família.  “Este projeto pretende consolidar um ambiente de troca entre saberes e práticas de criação e produção de conhecimento, articulando experiências de vida, culturais e intelectuais produzidas dentro e fora da academia no espaço de um bar”, destaca Angélica Ferrarez, que também assina a produção do projeto com o músico Hebert Siqueira.

O Samba em Prosa começa  pontualmente às 16h. Os encontros são mensais e gravados para integrar a plataforma digital do Acervo Digital de Cultura Negra (Cultne) de curadoria de Filó Filho e Pedro Oliveira. O Baticum Butiquim fica na Rua Uruguai, 35, Andaraí.

JongoEntre as tantas contribuições culturais trazidas pelos africanos, uma das mais significativas é o Jongo, também conhecido como caxambu e corimá.  Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 2005 como o primeiro bem imaterial do estado,  o Jongo é uma espécie de ancestral do samba, herança dos bantos de Angola. Com o ritmo e dança produzidos nas  senzalas, o Jongo é tocado em com três tambores diferentes: o caxambu (grave), o candongueiro (médio) e o angona ou angoma puíta (agudo). A dança é de roda e de umbigada, onde um casal por vez vai para o centro da roda girando em sentido anti-horário. A umbigada acontece de longe, apenas como menção. O Jongo tem toda uma relação com a religiosidade, pois seus adeptos acreditavam que o ritual os levaria ao encontro dos seus ancestrais. Antes da dança, é necessário reverenciar os tambores, benzendo-se em sinal de respeito.

No Rio, o Jongo é preservado principalmente pelas comunidades remanescentes de quilombos e entidades como, como o Grupo Cultural Jongo da Serrinha, do bairro de Madureira, uma das maiores referências do Jongo no país. Já recebeu diversos prêmios por seu trabalho artístico e social como Cultura Nota 10 (2006), Cultura Viva (2006), Itaú-Unicef (2005), Petrobrás Rival BR (2002) e Orilaxé (2002). O Jongo da Serrinha foi fundado por Mestre Darcy e sua mãe, Maria Joana Resadeira, que transformaram a antiga dança praticada na Serrinha em um belo espetáculo. Inserido em diversas redes do terceiro setor, conta com o apoio de vários parceiros institucionais.

Calango
Além de ser o nome de um lagarto, é também o nome de uma dança onde os pares dançam arrastando o pé, como o lagarto, enquanto dois cantadores, como os repentistas nordestinos, se desafiam com suas rimas.
O calango também  é originário da África, trazido pelos escravos, e que ganhou força no país como canto nos trabalhos da lavoura e nos momentos de folga e lazer. Além de música de dança, sempre acompanhada por palmas, o calango é desafio, também chamado de “lera” em alguns municípios. Nos bailes, a sanfona de oito baixos, o pandeiro e a viola não podem faltar, mas, nos desafios, os cantadores podem deixar de lado os instrumentos e soltam a voz em frases ritmadas cheias de símbolos, mistérios e provocações.