Rapper chega ao Rio para dois shows no Canecão, dias 22 e 23 de fevereiro
O raper paulistano Criolo está mais ligado do que nunca nas questões sociais e políticas contemporâneas, fazendo valer a própria origem do estilo musical, em que a narrativa é mais importante do que o ritmo. Em clipes recentes, como Boca de Lobo e Etérea, ele vai no rim, com letras que escancaram as atuais mazelas do Brasil, sobretudo aquelas que atingem os excluídos (comunidade LGBT+, periferias, o preto, o pobre, o favelado…). Ali estão a violência, a homofobia, a corrupção, tudo escancarado nas letras verborrágicas de Criolo, que desembarca no Rio para dois shows no Circo Voador, dias 22 e 23 de fevereiro.
No palco do Circo, além das músicas novas que compõe suas recentes canções, Criolo promete um desfile do que de mais importante produziu ao longo da carreira, tudo com a verve política crítica de sempre.
Na turnê “Boca de Lobo” Criolo traz o velho parceiro DJ DanDan e os multi-instrumentistas Bruno Buarque, Dudinha e Daniel Ganjaman, que acompanham a trajetória do rapper há mitos anos.
Veja o Clipe oficial de Etérea:
3 PERGUNTAS PARA CRIOLO
REVISTA 3SINAIS – Você sempre expõe, em suas letras, as entranhas do Brasil profundo, muitas vezes escondido até. Em Boca de Lobo, não é diferente, você traça uma radiografia assustadora e realista do Brasil atual e dá um soco na hipocrisia da sociedade. O que você considera que levou o país a dar essa guinada conservadora e hipócrita?
CRIOLO – Não é uma guinada, as pessoas que o usam o lugar de poder no país sempre foram conservadores. Sempre foi assim. E esse ambiente se prolifera e os pensamentos nunca deixaras de dividir espaço na sociedade. Na verdade, cada vez mais tomando a sanidade social com seus tantos de desculpas para proliferar o ódio. O que acontece é que essas pessoas agora se sentem à vontade de expressar sua forma de conduzir a vida, pois enxergam um representante antes velado, agora possível e legitimado num processo completamente fora de qualquer referência vivida, é um fenômeno rotineiro mas não escancarado essa coragem em expressar racismo, homofobia, xenofobia e tantos outros preconceitos encorajados a sair de seus quintais por apoio de um quase líder quase homem.
R3S – O que o Rap representa para as populações das periferias brasileiras?
CRIOLO – pra mim mudança de vida, amizades, ensinamentos, estudo e acima de tudo, auto estima…
R3S – Como o Rap e o Samba transitam na sua carreira? Qual o ponto de convergência de ambos estilos?
CRIOLO – O morador de favela que sabe o que acontece nela, e o tanto de amor que cada cidadão tem pra dar pro mundo. E isso é um tanto de outros pontos que na música encontra um lugar de troca.