A palavra tem que estar na rua, na boca e nos ouvidos do povo. É basicamente essa a proposta original do Slam Tagarela, fundado há exatos cinco anos a partir da ideia do antropólogo Paulo Emílio Azevedo junto com os poetas Slow Da BF, Max Medeiros e Letícia Brito. O objetivo era simples mas potente: espalhar poesia nas ruas do Rio. Foi desse ponto de partida que muitas pessoas recitaram pela primeira vez seus versos nas ruas, quando ainda os encontros eram no Largo de São Francisco de Paula, no Centro. Foi do Tagarela que outros eventos pares se construíram e que novos artistas na cena carioca emergiram. O Tagarela é um marco na prática da poesia falada no Rio.

E para comemorar o aniversário, cinco poetas, um cenário com dois caixotes de feira grifados “Tagarela” e a punho um megafone para fazer a voz ganhar amplitude e movimento. Não obstante, questionar burocracias que na época restringiam atividades criativas no espaço urbano por conta da “Lei da Copa”. Por meio dessa semiótica ou “atitude”, o Tagarela multiplicou sua metodologia se tornando livro, oficina, mob, exposição, filme e, ainda realizou dezenas de desafios pelo mundo conhecidos (ou não tão conhecidos assim naquela época) por “slam” – basicamente um duelo de poemas autorais, quando o público avalia a performance que mais se identifica.

No entanto, como lembra Paulo: “muito antes do Slam se tornar o fenômeno que atualmente atravessa o país – e como contracultura (a seguir crescendo) precisa do dissenso para não ser cooptado e ou institucionalizado -, o Tagarela sempre priorizou pela experimentação estética. Desse modo, a competição é meio para o encontro e não um fim em si mesma”. Apostando nessa percepção, decidiu-se espalhar a poesia pelos cinco cantos do Rio; sendo um poeta/ação por zona.

Confira a itinerância dos tagarelas, a ser realizada em 25 de setembro, 3ª feira das 14 às 18h:

– Centro (Estação Uruguaiana, 17h) – O poeta, pai e escritor Paulo Emílio Azevedo realiza a ação “Posa que lhe escrevo”, onde pessoas posam numa cadeira enquanto ele as escreve na forma de poesia. Ao fim, pessoa leva o poema consigo

-Zona Norte (Viaduto Negrão de Lima/Madureira, 16h) – O poeta, pai e MC Slow Da BF realiza a ação “Freestyle”, onde improvisa versos livres ou rimados interagindo com as identidades do publico. Local

-Zona Oeste (Largo do Rio da Prata/Campo Grande, 15h) – O poeta, pai e psicólogo Tiago Malta realiza a ação “Verso Vogon”, onde valoriza a calmaria do Rio da Prata (lugar mais tranquilo do bairro com cachoeiras, mata e animais silvestres) para gerar um mantra de versos. A ideia é que eles possam fluir como barricada a todo urbanismo.

-Zona Sul (Estação Glória, 14) – O poeta e escritor Max Medeiros realiza a ação “Quem cochicha a escuta espicha”, onde por meio de poemas in loco (e)feitos do cotidiano, ele devolve na forma de cochichos às pessoas que o inspiraram.

 

-Baixada Fluminense (Passarela de Comendador Soares/Morro Agudo, 17h) – A poeta, mãe e contista Lisa Castro realiza a ação “Poesia Transitória”, onde na passarela de Morro Agudo (local de maior movimentação do bairro) produzirá uma espécie de “palco”, quando o público poderá reconhecer a potência de sua poesia.

Mais que poemas, poesia! Essa é a percepção de quem  promove o Tagarela, afinal “a poesia é uma lente, um estilo de vida, uma forma de reler e agir no mundo”, como pontua Max Medeiros. A produção é da Cia Gente, rede de protagonismos e criação coordenada por Paulo.

RESSACA

Após o aniversário, o Tagarela em parceria com a Cavídeo passa a ocupar a Sala Baden Powell (Copacabana) às segundas-feiras – no intervalo das sessões, dois poetas (a cada semana) são convidados para uma batalha em três rounds. É o cinema e a poesia de mãos dadas. Início em 1º de outubro.

 

O QUE: Slam Tagarela 5 anos Cinco poetas se dividem levando poesia a cinco locais da cidade (Zonas Norte, Sul, Oeste, Centro e Baixada Fluminense)

QUANDO: 25 de setembro – 3ª feira das 14 às 18h

ONDE: Zona Norte, Zona Oeste, Zona Sul, Centro e Baixada Fluminense

QUANTO: Gratuito