“O Topo da Montanha” volta ao Rio e estreia no Theatro Net
O histórico discurso de Martin Luther King (I have a dream), proferido em agosto de 1963 e que virou símbolo da luta anti segregação racial nos Estados Unidos, ganhou uma peça teatral no Brasil em 2015 e desde lá já foi assistida por mais de 100 mil espectadores. O espetáculo O Topo da Montanha”, com Lázaro Ramos e Taís Araújo, volta ao Rio de Janeiro com estreia neste dia 16 de março no Theatro Net Rio, com temporada até o fim de abril.
Durante a primeira primeira incursão da peça no Rio, no início do ano passado, os ingressos da temporada foram esgotados em 24 horas. Em janeiro de 2018 fez nova aparição no Teatro Imperator, no Méier, também com ingressos esgotados em poucos dias. O Topo da Montanha estreou em Londres, em 2009, ganhou versão na Broadway, em 2011 e, por aqui, há dois anos, tem carreira ascendente, sendo protagonizada e também produzida por Lázaro Ramos e Taís Araújo, com direção de Lázaro Ramos e codireção de Fernando Philbert.
A encenação que conquistou tantos espectadores relembra que, há quase cinquenta anos, no dia 4 de abril de 1968, o mundo se despedia de Martin Luther King Jr, o pastor protestante e ativista político que se tornou ícone por sua luta pelo amor ao próximo e pelo repúdio à segregação racial norte-americana. Vale lembrar que somente entre 1883 e 1959, cerca de cinco mil negros foram linchados nos estados do Sul do país – e é este o momento histórico que a jovem dramaturga Katori Hall desconstrói na ficção.
O Topo da Montanha faz alusão ao último grande discurso de Martin Luther King (I’ve Been to the Mountaintop). Em Memphis, na Igreja de Mason, no dia 3 de abril de 1968, Luther King acabara de realizar seu último sermão. É exatamente neste cenário, um dia antes de seu assassinato, cometido na sacada do Hotel Lorraine, do quarto 306 – e na sequência de suas derradeiras palavras públicas –, que Martin Luther King, interpretado por Lázaro Ramos, conhece Camae, encenada por Taís Araújo, a misteriosa e bela camareira em seu primeiro dia de trabalho no estabelecimento. Repleta de segredos, ela confronta o líder em clima de suspense e simultaneamente debochado. Deste modo, em perfeito jogo de provocações, faz o reverendo se lembrar que, como todos, é humano. Por meio do humor e da emoção, faz rir e pensar com retórica atual, seja para americanos ou brasileiros.
A escrita, diga-se, faz sentido mesmo quando comparada à situação política daqueles tempos. Para citar uma frase do espetáculo: “parem a guerra do Vietnã e comecem a lutar contra a pobreza” – vista sob a ótica do presente, ela ainda parece possível ser proferida e ressalta as características de um líder que “teve a força de amar aqueles que jamais puderam o amar de volta”. “Este texto me perseguiu como ator por dois anos, por meio de pessoas que diziam que tinha de fazê-lo no Brasil. E é contemporâneo porque é uma história também sobre enfrentar medos. Sobre os trilhos da coragem e do afeto”, resume Lázaro. “Tínhamos muito receio de que o texto fosse americano demais e não tocasse as pessoas. Mas o tempo e uma boa tradução nos convenceram que as questões do amor e da igualdade são relevantes e próximas a todos nós”, complementa Taís.
A boa tradução para o português a que se refere Taís é de Silvio José Albuquerque e Silva, responsável por dar vida a temas universais e ainda envolventes. “Hall revela um líder ao mesmo tempo radical e pragmático, profético e imprevidente, sonhador, sedutor, frágil e, sobretudo, humano”, resume Silvio. (Fonte: Theatro Net Rio)
O Topo da Montanha
Onde: Theatro NET Rio (Rua Siqueira Campos, 143 – Copacabana
Quanto: Plateia Central e Plateia Lateral: R$120,00 | Balcão: R$100,00 | Visão Parcial: R$50,00