Documentário sobre Torquato Neto chega aos cinemas

“É preciso que haja alguma coisa alimentando o meu povo; uma vontade uma certeza, uma qualquer esperança. É preciso que alguma coisa atraia a vida ou tudo será posto de lado e na procura da vida a morte virá na frente e abrirá caminhos. É preciso que haja algum respeito, ao menos um esboço ou a dignidade humana se afirmará a machadadas”.

Torquato Neto morreu aos 28 anos, em 1972, mas nunca foi tão atual, como atesta o poema acima (O Fato e A Coisa”, Teresina/PI: UPJ Produções, 2012).  Ele foi um artista além do seu tempo. Viveu pouco mas intensamente, produzindo muito jornalismo, cinema, música, poesia. Compôs com Caetano, Gil, Macalé (“Geléia Geral”, “Marginália II” , “Mamãe, Coragem” entre tantos clássicos) e militou com força na revolução que mudou os rumos da cultura brasileira nos anos 1960 e 1970. Artista marginal, foi um contundente crítico cultural ao lado de Waly Salomão, Ivan Cardoso e Hélio Oiticica. Intenso, pôs fim à própria vida no dia de seu aniversário de 28 anos.​ “Como um derradeiro suicida de após bomba/ procuro aniquilar o inseto impossível/ que continuo sendo/ a zumbir sobre minha própria cabeça/ em mirabolantes circunvoltas” (A Crise”).

O piauiense acaba de ganhar – tardiamente, diga-se – um documentário que aompanha da infância do artista em Teresina, sua cidade natal, até seu aniversário de 28, quando tirou sua própria vida após deixar colaborações indeléveis em movimentos artísticos como a Tropicália. O ator Jesuíta Barbosa dá vida a poemas e outros escritos de Torquato.

O longa tem foi apresentado ano passado no Festival de Cinema do Rio e tem pré-estreia nesta quarta na Estação Net Botafogo 1, às 21h10

Ficha Técnica

Título Original: Torquato Neto – Todas as Horas do Fim

Gênero: Documentário

Duração: 88 min.

Origem: Brasil

Direção: Eduardo Ades, Marcus Fernando

Roteiro: Eduardo Ades, Marcus Fernando

Distribuidor: Vitrine Filmes

Ano: 2018

Elenco: Torquato Neto, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé