O programa pós-trabalho no fim de tarde no Rio de Janeiro já virou clichê: um boteco, chope gelado, petiscos e muito papo jogado fora. A graça, então, é encontrar “O” boteco. Estamos, assim, à procura do boteco perfeito, e olha que não faltam opções. A nossa editoria “Quarta no Boteco” recebeu essa missão, portanto, vamos ao sacrifício.

O Caranguejo, na Xavier da Silveira, esquina Barata Ribeiro, em Copacabana, é a primeira parada desta saborosa série tão difícil de produzir. O boteco inaugurado em 1982 já foi classificado pelo carioquíssimo escritor Ruy Castro de “pé sujo de unhas feitas”. O sacrifício, então, começa a compensar quando o garçom chega com o chope geladíssimo em colarinho perfeito, daqueles de deixar um bigode branco na primeira talagada e a garanta já pedindo mais.

Em seguida, aterrissam na mesa algumas empadinhas de camarão. Mas não são meras empadinhas de camarão, como tantas por aí, trata-se de uma obra de arte gastronômica premiadíssima e digna de se servir aos deuses! Para se ter uma ideia do que será ingerido, as empadas ficam depositadas nas forminhas em que foram assadas até o momento mágico do consumo, caso contrário não suportariam o mundo exterior e se desmoronariam, tamanha a delicadeza e fragilidade da massa. É preciso ter o cuidado e a calma de um monge pra manuseá-las em direção à boca para, aí, sim, sentir o prazer final de ter aquela joia se desmanchando na boca. Um prazer praticamente orgasmático.

Como o nome do boteco anuncia, a especialidade são os frutos do mar. Ali, além das incomparáveis empadinhas, tem também deliciosos pastéis de camarão, bolinhos de bacalhau, lula, polvo, siri na casca, sopa de siri na caneca (!), patinhas de caranguejo, ovas de peixe à milanesa e caranguejo no toc toc (aquele em que caranguejo é cozido inteiro e na hora de comer, os mesmos são quebrados com a ajuda de pauzinhos, para retirada das carnes), entre tantas outras delícias em seu variado cardápio.

O Caranguejo
R. Barata Ribeiro, 771 – Copacabana, Rio de Janeiro
Telefone: (21) 2236-1352
Horário: 8h a 01h30

 

Texto: Jairo Sanguiné | Imagem: Jairo Sanguiné e divulgação