“Agora eu sou uma estrela”
A maior cantora brasileira de todos os tempos nasceu há 75 anos, num 14 de março, na cidade de Porto Alegre. Elis Regina Viveu pouco, só 36 anos. Cantou muito em menos de 20 anos de carreira. Usou a voz como ninguém, como um instrumento, com uma diva, tal Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan, Piaf…
Elis ensinou. Cantou Belchior e ensinou os ouvidos brasileiros e do mundo tudo o que aprendeu nos discos. Elis fascinou com uma imortal versão da clássica “Fascination”. Navegou nas Águas de Março de Jobim, flertou com Chico Buarque atrás da porta, e chorou de tanto que encorpou a canção. Andou da corda bamba com o Bêbado e a Equilibrista de João Bosco e virou hino da anistia no final da nefasta ditadura militar. Cantou a negritude “Hoje cedo, na rua Do Ouvidor / Quantos brancos horríveis eu vi /Eu quero um homem de cor / Um deus negro do Congo ou daqui /Que se integre no meu sangue europeu”. Cantou a causa feminina, ah Essa Mulher…. Cantou na Casa de Campo de Renato Teixeira. Falou com Deus e Gil, encontrou com Milton ali no Clube da Esquina, foi acompanhada pela harmônica de Toots Thiellemans. Foi aplaudida por infindáveis 15 minutos por uma plateia em êxtase em Montreux onde “duelou” em improviso com o bruxo Hermeto Pascoal. Deu Gracias à la Vida ao cantar Violeta Parra. Bateu um papo com Paulinho da Viola no Sinal Fechado de uma transversal do tempo, tomou umas biritas num boteco com Adoniran Barbosa, pegou um Trem Azul de Lô Borges e virou estrela.
Hoje, 38 anos depois da sua partida, Elis ainda fascina, ainda comove, ainda encanta, ainda inspira uma legião de novos artistas. Em tempo de pandemia, fique em casa ouvindo Elis, e deixe que o vírus da música boa invada teu corpo. Abra as portas todas e deixe o mundo e o sol entrar…
Assista à histórica apresentação de Elis com Hermeto Pascoal no Festival de Jazz de Montreux, em 1979: