Quem não ama esse céu, esse mar, essa gente feliz?
Por Jairo Sanguiné / R3S
Quem não ama esta cidade, este Rio de Janeiro lindo, que mesmo sofrido e às vezes mal tratado, já foi tão cantado e poetizado por tanta gente que por aqui vive ou um dia viveu?
Quem não ama esta cidade que, como disse o compositor Antonio Maria, numa das mais belas canções de declaração de amor ao
Rio: “Rio de Janeiro, gosto de você / Gosto de quem gosta /Deste céu, deste mar / Desta gente feliz
O Rio é como um poema de amor em 3D. Um poema em que a gente caminha por ele, deslizando em cada palavra escolhida por tantos poetas. Cada canto aqui é um poema, cada recanto é um canto. Cada canto, um encanto. Basta olhar com olhos atentos de um poeta sensível.
Aqui a gente é feliz como um personagem de uma canção, de uma poesia. Aqui, apesar de tantas mazelas ainda é possível buscar o sentido da verdadeira representação simbólica da felicidade. Aqui a gente é muito mais feliz.
Agora que a cidade completa 455 anos, não podemos esquecer de nossos ancestrais Tupinambás, Tamoios, Temiminós e outros povos originários que por aqui habitavam até o séc. XVI, quando os colonizadores portugueses, liderados por Estácio de Sá, chegaram, em primeiro dia de março de 1565, e se instalaram numa pequena praia entre o Morro Cara de Cão e o Pão de Açúcar e fundaram o primeiro núcleo do que viria a ser a cidade do Rio de Janeiro; depois mudaram para o Morro de São Januário, que virou Morro do Descanso, Alto da Sé, Alto de São Sebastião, e finalmente Morro do Castelo, onde a cidade começou, enfim, a tomar forma. O local foi escolhido em 1567 para abrigar os pouco mais de 100 portugueses que participaram da expulsão dos franceses liderados por Nicolas Durand de Villegaignon, que aqui chegaram anos antes numa tentativa frustrada de criar a França Antártida na Ilha de Seregipe, hoje Ilha de Villegaignon.
A bem da verdade a região já havia sido descoberta alguns anos antes, em 1º de janeiro de 1502, pelo explorador português Gaspar de Lemos, que encontrou a Baía de Guanabara quando ainda era habitada apenas por índios tupinambás. Chegou a batizar o local de Rio de Janeiro por pensar que a baía se tratava da foz de um rio.
Então, no dia do aniversário da nossa cidade, que tal dar uma passeio por entre sua poesia, desfrutando de cada canto-recanto como se fosse o melhor lugar de nossa própria casa e amá-la um pouco mais?
O baiano mais carioca de todos, Caetano Veloso, foi um entre tantos artistas que homenageou a cidade, como na música “Meu Rio”, presente no álbum “Noites do Norte”(2000), uma verdadeira declaração de amor à cidade.
Meu Rio
Meu Rio
Perto da favela do Muquiço
Eu menino já entendia isso
Um gosto de Susticau
Balé no Municipal
Quintino:
Um coreto
Entrevisto do passar do trem
Nós nos lembramos bem
Baianos, paraenses e pernambucanos:
Ar morno pardo parado
Mar pérola
Verde onda de cetim frio
Meu Rio
Longe da favela do Muquiço
Tudo no meu coração
Esperava o bom do som: João
Tom Jobim
Traçou por fim
Por sobre mim
Teu monte-céu
Teu próprio deus
Cidade
Vista do ouTro lado da baía
De ouro e fogo no findar do dia
Nas tardes daquele então
Te amei no meu coração
Te amo
Em silêncio
Daqui do Saco de São Francisco
Eu cobiçava o risco
Da vida
Nesses prédios todos, nessas ruas
Rapazes maus, moças nuas
O teu carnaval
É um vapor luzidio
E eu rio
Dentro da favela do Muquiço
Mangueira no coração
Guadalupe em mim é Fundação
Solidão
Maracanã
Samba-canção
Sem pai nem mãe
Sem nada meu
Meu Rio