Trabalho é carregado de tintas de indignação e reflexão, impossível não sair afetado do teatro

O projeto de ocupação “Eu organizo o movimento e convido”, que tem como eixo artístico a experiência cênica “Eu organizo movimento” (2017), criada por Paulo Marques e Ana Paula Bouzas para celebrar os 50 anos da Tropicalia no Brasil, concebeu um espetáculo inspirado nas possíveis conexões entre o momento do surgimento da Tropicália no Brasil (1967) e o período atual que o país vive. O espetáculo, com direção de Marques e com Bouzas em cena, acompanhada do músico Luiz Brasil, reúne dança, teatro e música, e é uma realização do núcleo de criação Meimundo Inventações Compartilhadas. A cada dia de ocupação, artistas convidados abrirão a noite.

Nesses dois anos entre os dois projetos, o panorama político do Brasil continuou sendo terreno para essas reflexões e, infelizmente, gerando inquietudes, incômodos, angústias, desejos, movimentos, renascimentos, que terminam por nos remeter de alguma forma àqueles tempos. Desde 2017 até hoje o trabalho vem sendo apresentado em mostras, festivais, escolas, encontros, projetos, nos mais diversificados eventos de dança, teatro e música, com o intuito de dividir com o público esta inquietação.

“Eu organizo o movimento” é uma potente criação artística. A obra além de ser poética, vem acompanhada da nossa memória nacional através de uma trilha musical de suma importância na história popular da música brasileira; com uma força de resistência imprescindível para nosso momento atual. O trabalho é carregado de tintas de indignação e reflexão, impossível não nos sentirmos afetados depois de assisti-lo. A intérprete criadora Ana Paula Bouzas e seu diretor Paulo Marques formam uma dupla de excelência nos seus objetivos claros e precisos.”

“Ana Paula Bouzas é uma artista extraordinária. Da mesma linhagem de Denise Stoklos, Marilena Ansaldi e Pina Bausch. A potência do espetáculo está na performance explosiva, característica do trabalho dela, e na violenta conexão com o espanto, com a perplexidade, o sentimento de impotência que estamos vivendo no Brasil hoje. É dessas que confirmam a arte o remédio do mundo.” (WAGNER MOURA é ator e diretor)

“ANA PAULA BOUZAS, UMA ESPÉCIE DE LENNIE DALE REMASTERIZADO – Uma interpretação forte, visceral, que coloca a alma pau a pau com o corpo, mistura coreografia e texto na maior competência, recheia os espaços com colagem de falas atualíssimas em OFF, músicas conhecidas e um guitarrista solando ao vivo. De quebra, ainda tem uma pegada crítica comovente de arrepiar. Ou seja: um espetáculo ousado & de risco, pois, convenhamos, harmonizar isso tudo num musical solo, onde a atriz se reinventa o tempo todo, não é tarefa das mais fáceis…” (Trecho crítica FURIO LONZA, escritor)

EU ORGANIZO O M0VIMENTO E CONVIDO foi concebido para ocupar o palco do Teatro Cacilda Becker, importante território da dança carioca, entre os dias 15 e 18 de agosto, a partir do diálogo do espetáculo EU ORGANIZO O MOVIMENTO com alguns artistas convidados. Um espaço de parceria, interação e desdobramentos para a organização de um movimento coletivo. É uma oportunidade de intercâmbio entre circuitos de resistência, investigação e elaboração de discursos, campos de fala, afirmação dos corpos na potência da diversidade existente, tanto entre os artistas, como também com o público, espectador das apresentações e participante nas oficinas oferecidas.

Os artistas convidados são, na sua maioria, profissionais originários das periferias, das zonas norte e oeste da cidade, de regiões de menor visibilidade. São eles: “VIRTUDE”, com Rômulo Vlad; “FAVELA DANÇA”, Laranjinha Ritmado, Carlos Henrique, Richard Silva, John David e Juliana Cristina; e ‘FADE OUT DO OLHAR + 1 + 1”, com Amanda Corrêa, Laís Castro e Roberto Silva. Além destes, fará parte da programação uma participação da Pulsar Cia. de Dança, com um solo de Rachel Canella.

Estes parceiros compartilharão amostras de seus trabalhos em cena – “pílulas” a serem apresentadas no início de cada sessão – fragmentos representativos de trabalhos que estejam desenvolvendo neste momento de suas trajetórias; e também realizarão oficinas oferecidas durante as tardes desta ocupação, convocando a comunidade a partilhar de suas pesquisas, ampliando trocas e conhecimentos.

 

SERVIÇO

Espetáculo EU ORGANIZO O MOVIMENTO E CONVIDO

Projeto de Ocupação Teatro Cacilda Becker – Espetáculos e Oficinas

De 15 a 18 de agosto

Quinta a sábado, às 20h | domingo, às 19h

Criação: Paulo Marques e Ana Paula Bouzas

Direção: Paulo Marques

Atuação: Ana Paula Bouzas

 

Serviço espetáculo e performances de abertura

Local: Teatro Cacilda Becker (Rua do Catete, 338 – Catete)

Horário: quinta, sexta e sábado – dias 15, 16 e 17 de agosto, às 20h  domingo – dia 18 de agosto, às 19h

*Na sexta-feira, dia 17 de agosto, haverá um bate papo com a bailarina e atriz Ana Paula Bouzas e o diretor Paulo Marques logo após a sessão do espetáculo.

Ingressos: R$ 40,00 (inteira) e R$ 20,00 (meia)

Classificação etária: 14 anos

 

Duração performances de abertura: 10 minutos

 

Duração espetáculo “Eu Organizo o Movimento”: 45 minutos

 

Quinta-feira, dia 15/08, às 20h

Abertura da sessão: performance “VIRTUDE”, com Rômulo Vlad

 

Sexta-feira, dia 16/08, às 20h

Abertura da sessão: PULSAR CIA DE DANÇA com um solo de RACHEL CANELLA

 

Sábado, dia 17/08, às 20h

Abertura da sessão: performance “FAVELA DANÇA”, com Laranjinha Ritmado, CarlosHenrique, Richard Silva, John David e Juliana Cristina

 

Domingo, dia 18/08, às 19h

Abertura da sessão: performance “FADE OUT DO OLHAR + 1 + 1”, com Amanda Corrêa, Laís Castro e Roberto Silva

 

Serviço OFICINAS

Público-alvo: jovens e adultos

Vagas: 20 participantes por oficinas

* Não é necessária inscrição prévia

Informações: 21 98381-7126

 

Quinta-feira, dia 15/08

Oficina “DANÇAS URBANAS”

Ministrantes: Eddy Soares, Elio Barbe e Rômulo Vlad

Horário: 15h às 18h

Investimento: R$ 30,00

Eddy Soares, Elio Barbe e Rômulo Vlad são dançarinos, profissionais e coreógrafos com formações distintas entre dança contemporânea e danças urbanas.

Eddy Soares é dançarino do Nucleo 07.

Elio Barbe, bailarino profissional e coreógrafo, nascido em Rio das Ostras, é pesquisador das Danças Urbanas e membro da House of Zion Brasil. Trabalha como performer, professor e coreógrafo há 8 anos, com forte domínio nos estilos Hip-Hop, Heels, Jazz Funk e Vogue Femme, estilo no qual contribui para difundir cada vez mais a cena e a cultura Voguing no Brasil;

 

Rômulo Vlad é performer, bailarino, coreógrafo, estudante de teatro, canto e pesquisador de danças urbanas. Sua base como artista da dança se deu a partir de vivências particulares e referências diversas em danças urbanas. Estudou também no Centro de Movimento Deborah Colker, ballet clássico no Studio Vivian Mockdece, práticas de sapateado Americano com Taiane Mockdece e foi Integrante da Cia. Remiwl Street Crew. Rômulo tem uma identidade artística em construção permanente pela constante e obstinada investigação criativa. Sua atuação é marcada pela intensidade e ludicidade à serviço do desenvolvimento de um corpo político em performance. No ano de 2013 (Rio H2k  FESTIVAL INTERNACIONAL DE DANÇAS URBANAS ),  o bailarino passou entre os 13 melhores do maior evento do Brasil e teve vaga garantida para competir na categoria Hip Hop Freestyle. Atualmente faz o curso profissionalizante de teatro na CAL.

Os três são bailarinos no musical “O Frenético Dancin Days”, atualmente em circulação, dirigido por Deborah Colker, e responsáveis por um dos momentos mais aplaudidos da peça. Ministram aulas de danças urbanas e desenvolvem vídeos e performances nos mais diversos espaços culturais abertos e fechados.

 

Sexta-feira, dia 16/08

Oficina “PULSAR CIA DE DANÇA”

Ministrantes: Teresa Taquechel e Rachel Canella

Horário: 16h às 18h

Investimento: R$ 20,00

A Pulsar Companhia de Dança, criada no ano 2000 e dirigida por Teresa Taquechel, é formada por bailarinos portadores e não portadores de deficiência. Tem como objetivo causar no espectador um olhar diferenciado em relação à multiplicidade dos indivíduos, a partir da estética da dança. Assim, sua proposta artística é fazer uma arte que transcende as diferenças, onde a identidade de cada intérprete é fonte de criação. Além disso, contribui ativamente para a discussão a respeito da inclusão social, a partir de palestras, workshops e oficinas ministrados pelos profissionais da Cia., sobre dança, educação e cidadania.

 

Sábado, dia 17/08

Oficina “PARE”

Ministrante: Paulo Marques

Horário: 14h30 às 16h30

Investimento: R$ 30,00

Paulo Marques iniciou sua carreira de dança e teatro em 1980, desde então tem atuado como ator, bailarino, mestre de balé, coreógrafo, pesquisador em dança, curador, ensaiador e  diretor de movimento em importantes companhias de dança contemporânea, ocupações e espaços de dança no Rio de Janeiro como: Rede Globo de televisão, Rede Manchete de televisão, Ballet Officina do Rio de Janeiro (Edmundo Carijó e Lourdes Braga); Sylvio Dufrayer Companhia de Dança; Marcio Cunha Dança Contemporânea; Márcia Rubin Companhia de Dança; Staccato Dança Contemporânea (Paulo Caldas); Ana Vitória Companhia de Dança; Companhia dos Atores Bailarinos (Regina Miranda); Lia Rodrigues Companhia de Danças; Esther Weitzman Companhia da Dança; Companhia do Ateliê coreográfico (Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro); Os Dois Cia. de Dança Contemporânea (Giselda Fernandes) ; Teatro XIRÊ (Andrea Elias); Cia. Étnica de Dança (Carmem Luz); Cia da Ideia (Sueli Guerra); Meio Mundo Inventações Compartilhadas (Ana Paula Bouzas e Fábio Espírito Santo); Gisele Alvim espaço de dança; Base Dinâmica (Guilherme Veloso e Rafaela Amodeo); Angel Vianna Escola; Corpus Núcleo de Dança (Denise Barbosa Milward) Juiz de Fora.

“PARE” é uma oficina para atores bailarinos, onde a proposição é de uma reconfiguração das ações cênicas, através da inibição dos impulsos automáticos deste fazer, rompendo com os hábitos do intérprete, potencializando assim a presença e o estado.

 

Oficina “PASSINHO COM LARANJINHA”

Ministrante: Laranjinha Ritmado

Horário: 17h às 18h

Investimento: R$ 20,00

Laranjinha Ritmado (Geovane Pereira) é dançarino desde 2009, coreógrafo, professor e “cria” do passinho. As tradicionais batalhas, encontros e a vivência de treinos no universo específico da cultura do passinho estão na base de sua formação. No ano de 2016 começou a dar aula na comunidade do Complexo da Mangueirinha (Caxias). A partir daí foi convidado como professor por muitos lugares no Rio de Janeiro: escolas de dança, academias, escolas particulares e públicas. Em 2017 deu início ao bonde OS RITMADOS DA DANÇA, juntamente com seus companheiros de dança, assumindo a liderança do grupo que obteve mais títulos no ano de 2018. Desde 2018 passou a integrar a FAVELA DANÇA – Cia de Dança, como bailarino e coreógrafo. Atualmente é aluno da Faculdade Angel Vianna e ministra aulas regulares de passinho na faculdade.

O passinho é filho da cultura do funk e nasceu nas comunidades cariocas no início dos anos 2000. Misturando vários estilos e declarado patrimônio cultural da cidade do Rio de Janeiro, o passinho toma proporções cada vez maiores e cai no gosto de cada vez mais núcleos culturais diferentes.

Nesta oficina os alunos aprenderão as bases do passinho, os principais movimentos, a nomenclatura, técnica de improviso, sequências e conhecerão um pouco de sua história.

 

Domingo, dia 18/08

Oficina “ESCREVIVÊNCIAS DO CORPO”

Ministrantes: Amanda Corrêa, Laís Castro e Roberto Silva

Horário: 15h às 17h

Investimento: R$ 30,00

Amanda Corrêa, intérprete na Cia Étnica de Dança, Roberto Silva diretor da Cambaio Cia de Dança e Laís Castro, performer, arte educadora e anfitriã do espaço de convivência e residência artística Citrus Ateliê, se encontram para compartilhar as experiências artísticas vivenciadas no contexto político que permeia a necessidade da construção de memória cultural. Os três oriundos e moradores de Campo Grande, Zona oeste do Rio de Janeiro recompõem a peça Fade Out do Olhar no sentido de apropriar e atualizar a narrativa no corpo dos intérpretes.

A oficina se propõe a oferecer uma investigação do gesto a partir da contação de histórias e vivências corporais com um olhar voltado à identidade de um corpo periférico. Trabalharemos técnicas de solo e sequências de movimento além de exercícios de composição em tempo real, estímulos à improvisação e escrita.