Desde 2007 o espaço contava com patrocínio da estatal para projetos de formação, intercâmbio e extensão
É inegável que as artes e a cultura em geral, são fundamentais para o desenvolvimento da sociedade em todos os aspectos. O escritor francês André Malraux (1901-1976) sintetizou essa importância numa única frase: “a cultura, sob todas as formas de arte, de amor e de pensamento, durante milênios, capacitou o homem a ser menos escravizado.” Mas o Brasil parece estar indo justamente na contramão dessa lógica, situação confirmada esta semana com o anúncio da Petrobras de que irá reduzir drasticamente seu orçamento para patrocínios de projetos culturais.
A empresa, que em 2003 criou a Petrobras Cultural, o maior programa de patrocínio do setor no país, já apoiou nesses 15 anos mais de 4 mil projetos , entre filmes, peças de teatro, espetáculos de dança e música. Com esse apoio, a Petrobrás reconhecia a arte e a cultura como fundamentais para a educação e a cidadania. Inclusive está num de seus lemas: “Para nós, cultura é uma energia poderosa que movimenta a sociedade”.
Um dos projetos atingidos pela medida é o Teatro Poeira, em Botafogo, construído pelas atrizes Marieta Severo e Andrea Beltrão e aberto ao público em 2005. A parceria com a Petrobras foi estabelecida dois anos depois da inauguração para o desenvolvimento de projetos de formação, intercambio e extensão, materializados nos programas Teatro e Pensamento, Artista Residente, Artista Visitante e Puente.
Esta semana a direção do teatro recebeu o comunicado da Petrobras anunciando cortes no apoio financeiro, pegando a direção de surpresa. “Ao mesmo tempo em que repassamos aos frequentadores, amigos e apoiadores do Teatro Poeira, à classe teatral e a todos aqueles que participam da numerosa e viva comunidade artística e cultural brasileira, à comunidade teatral internacional, essa mudança de posicionamento da Petrobras, lamentamos mais este retrocesso na relação do governo federal com as forças vivas da arte, da cultura e da educação”, diz a nota oficial da direção do teatro.
A nota ainda lembra que “inúmeros artistas e mestres do teatro carioca, do teatro brasileiro e do teatro de outros países – atrizes, atores, dramaturgos, encenadores, cenógrafos, etc – participaram desses programas, ao longo desses 15 anos, dialogando com gerações de artistas do Rio, compartilhando seus saberes, experiências, histórias e fecundando nossa criação teatral”.
Quanto ao futuro do Teatro Poeira, a direção informa que haverá empenho de suas diretoras e de todos os responsáveis para a manutenção e funcionamento da casa, com sua programação de espetáculos. “Esperamos não interromper inteiramente nossa programação paralela de irradiação da arte teatral, com atividades pontuais, mantendo a expectativa de retomá-la inteiramente em tempos melhores”, finaliza a nota.
Leia aqui a nota na íntegra: http://www.teatropoeira.com.br/comunicado
PROGRAMAÇÃO
TEATO POEIRA
“O Ator e o Lobo”
Até 2 de junho – sexta e sábado, 21h; domingo, 19h
O monólogo com título fabulesco foi construído por Pedro Paulo Rangel e Fernando Philbert tendo por base os textos do português António Lobo Antunes, extraordinário escritor, ganhador do Prêmio Camões, cujo primeiro romance foi publicado há exatos 40 anos. Lobo Antunes verte uma prosa cálida, envolvente; uma narrativa que, sem que o leitor perceba, faz-se ouvir com clareza, por assim dizer. E esses textos agora ganham vida na voz e no corpo do ator.
Dramaturgia e interpretação: Pedro Paulo Rangel
Autor: António Lobo Antunes
Direção: Fernando Philbert
Coach de Pedro Paulo Rangel: Rafael Augusto Fernandes
Figurinos: Helena Araújo
Cenário: Fernando Mello da Costa
Iluminação: Aurélio de Simoni
Trilha Sonora: Maíra Freitas
Projeções: Aníbal Diniz
Projeto gráfico: Ronaldo Alves
Fotografia: Lucio Luna
Operador de som: Bob Reis
Direção de cena: Ricardo Silva
Coordenação de produção: Fabricio Chianello
Direção de produção: Fernando Duarte
Produção: Vissi Darte Produções Artísticas
Realização: Pedro Paulo Marques Rangel Produções Artísticas
Duração: 60 minutos.
CLASSIFICAÇÃO: 14 anos
TEATRO POEIRA
“Auto Eus”
Até 30/5 – terça e quinta, 21h
O espetáculo fala sobre empatia e desconstrução. Depois de ter vivido tantos processos de investigação interna, surgiu a necessidade de criar um trabalho artístico sobre o eu ideal e o eu verdadeiro, sobre a aceitação de sermos tantos fragmentos. Usar o pensamento para nos definir é algo que nos limita”, conta Adriana Perin. “Em cada uma dessas jornadas é surpreendente o contato com as nossas sombras e nossas fragilidades, até que algo inesperado acontece: nós as abraçamos e seguimos com elas. E percebemos o quanto a autenticidade pode resultar em conexão”, completa.
Elenco: Adriana Perin
Direção: Raíssa Venâncio
Dramaturgia: Adriana Perin, Paula Vilela e Raíssa Venâncio
Direção Assistente: Paula Vilela
Direção de Movimento e Preparação Corporal: Lavínia Bizzotto
Direção de Iluminação: Renato Machado
Direção Musical: Daniel Lopes
Direção de Arte: Constanza de Córdova e Fernanda Mansur
Ativação Energética: Bruna Savaget
Designer Gráfico: Pedro Pedreira
Direção de Produção: Tarsilla Alves e Mariana Golubi
Produção: Juliana Espíndola
Produção Executiva: André Garcia, Pedro Gui e Fernanda Thurann
Assistente de Produção Executiva: Pedro Pedreira
Realização: Rodafilmes e Brisa Filmes
Idealização: Adriana Perin e Pedro Gui
Classificação: 16 anos