Abertura é nesta segunda, com presença de Hernani Heffner e Frank Carbone

Nunca foi tão necessária a discussão de temas envolvendo a homoafetividade. O cinema com essa temática, assim como outras formas de arte, teve que enfrentar muitas barreiras ao longo da história. Houve um tempo, inclusive, em que existia um código que impunha condutas morais a serem aplicadas aos filmes lançados nos Estados Unidos, o famigerado “Codigo Hays).

As produções que apresentavam a temática homoafetiva tiveram que driblar as diversas formas de perseguições que sofriam. E são exatamente esses filmes que a mostra “Alusões Homoeróticas do Cinema Clássico” vai apresentar de 8 a 14 de abril na Cinemateca do MAM. Trata-se de uma retrospectiva que tem como objetivo apresentar como os diretores e roteiristas driblavam o Código Hays. São sete filmes com ingressos gratuitos que percorre mais de 30 anos em que o código ditou as regras. As produções são das décadas de 1931 a 1971. Logo após o Código foi implodido pela geração da Nova Hollywood.

Sobre o Código Hays

O Código Hays (oficialmente Motion Picture Production Code ou Código de Produção de Cinema) foi um conjunto de normas morais aplicadas aos filmes lançados nos Estados Unidos entre 1930 e 1968 pelos grandes estúdios cinematográficos. Seu nome deriva de Will H. Hays, advogado e político presbiteriano e presidente da Associação de Produtores e Distribuidores de Filmes da América de 1922 a 1945. Sob a liderança de Hays, a MPPDA (mais tarde conhecida como MPAA), adotou um código de autocensura em 1930, que foi aplicado de maneira mais rígida a partir de 1934.

Este código explicitava qual conteúdo era aceitável ou não-aceitável para os filmes produzidos nos Estados Unidos. Os filmes que se adequavam ao código recebiam um selo de aprovação da MPAA, ao passo que os reprovados eram proibidos de serem distribuídos pela entidade, o que reduzia bastante seu alcance junto ao público e suas chances de êxito comercial. Além disso, os estúdios infratores recebiam uma multa de 25 mil dólares. Ainda hoje a MPAA concede um selo aos filmes que são distribuídos pelos estúdios que fazem parte da associação; no entanto, este selo contém atualmente a classificação indicativa da obra em questão, que pode ser G (conteúdo livre para todas as idades), PG (algum conteúdo inadequado para crianças), PG-13 (algum conteúdo inadequado para menores de 13 anos), R (menores de 17 anos precisam de acompanhamento) e NC-17 (conteúdo adulto — proibido para pessoas com 17 anos de idade ou menos).

Para o diretor de conservação da cinemateca o MAM, a mostra trata “das alegorias, sugestões, dos códigos engendrados por diferentes realizadores e cinematografias para afirmar a presença de outras opções de vida e relacionamento amoroso em meio a sociedades que se queriam modernas, mas permaneciam praticando os velhos obscurantismos, nada muito diferente dos dias que correm, em que ser gay, lésbica, trans e todas as outras opções LGBTQI+ dá cadeia ou até pena de morte em mais de 50 países ao redor do planeta.” Ele considera a mostra uma celebração da coragem cinematográfica e das pessoas que ousam transgredir os limites de uma identidade “que não é natural mas construída social e culturalmente, o pequeno ciclo celebra a diversidade e a própria vida no que ela tem de invenção de si mesmo e prazer pelo outro, qualquer que ele seja.”

PROGRAMAÇÃO

8/4 – segunda-feira – 18h

Abertura com Hernani Heffner e Frank Carbone

Filme: Senhoritas em uniforme (Mädchen in uniform), de Leontine Sagan, Carl Froelich (Alemanha, 1931). Com Dorothea Wieck, Hertha Thiele, Emilia Unda.

– Drama/Romance. Sinopse: Manuela é uma jovem ingênua que está começando a conhecer o mundo quando é enviada para um internato que aceita apenas mulheres. Uma vez lá, entra em um novo ambiente e logo conhece o amor: o problema é que ela se apaixona por uma de suas professoras, um afeto que pode colocar Manuela em um caminho trágico. 88 minutos. 14 anos.

9/4 – terça-feira – 18h

Filme: A casa sinistra (The old dark house), de James Whale (EUA, 1932). Com Boris Karloff, Melvyn Douglas, Charles Laughton.

– Comédia/Horror/Thriller. Sinopse: Buscando abrigo de uma tempestade, cinco viajantes vivem uma noite bizarra e aterrorizante quando se deparam com a propriedade da família Femm. 72 minutos. 14 anos.

 10/4 – quarta-feira – 18h

Filme: Sangue de pantera (Cat people), de Jacques Tourneur (EUA, 1942). Com Simone Simon, Tom Conway, Kent Smith.

– Fanstasia/Horror/Thriller. Sinopse: Misteriosa jovem sérvia acredita que descende de uma raça de mulheres-pantera, que, quando emocionalmente excitadas, se transformam em criaturas assassinas. Seu marido decide mandá-la para o psiquiatra para investigar o problema. 73 minutos. 14 anos.

11/4 – quinta-feira – 16h

Filme: O solar das almas perdidas (The uninvited), de Lewis Allen (EUA, 1944). Com Ray Milland, Ruth Hussey, Donald Crisp.

– Fantasia/Horror/Mistério. Sinopse: Roderick e Pamela Fitzgerald são irmãos em férias que descobrem uma mansão abandonada na costa inglesa. Eles compram a casa, mas o encanto dos Fitzgerald diminui quando eles ouvem histórias fantasmagóricas sobre a mansão. 99 minutos. 14 anos.

12/4 – sexta-feira – 18h

Filme: Infâmia (The children’s hour), de William Wyler (EUA, 1961). Com Audrey Hepburn, Shirley MacLaine, James Garner.

– Drama/Romance. Sinopse: As amigas Martha e Karen administram juntas um internato. No lugar, ao ser repreendida por uma mentira, uma estudante problemática tenta virar o jogo ao dizer para a avó que as duas têm um romance secreto. Quando o boato se espalha, a vida das educadoras se transforma para sempre. 108 minutos. 14 anos.

 13/4 – sábado – 17h

Filme: Meu passado me condena (Victim), de Basil Dearden (UK, 1961). Com Dirk Bogarde, Sylvia Syms, Dennis Price.

– Drama. Sinopse: Após o suicídio de seu amante, o respeitado advogado Melville Farr arrisca a carreira e o casamento para confrontar uma rede de chantagem contra homossexuais. O filme aborda temas gays na época em que o homossexualismo era crime na Inglaterra. 90 minutos. 14 anos.

14/4 – domingo – 17h

Filme: O médico & irmã monstro (Dr Jekyll & Sister Hyde), de Roy Ward Baker (UK, 1971). Com Ralph Bates, Martine Beswick, Gerald Sim.

– Horror/Ficção Científica. Sinopse: Na busca pelo elixir da vida eterna, o Dr. Henry Jekyll começa a usar hormônios femininos retirados de cadáveres frescos fornecidos por Burke e Hare. Estes têm o efeito de alterar não só o seu comportamento, mas também de mudar seu gênero, transformando-o em uma linda, porém diabólica, mulher. 97 minutos. 14 anos.

SERVIÇO

O QUE: Mostra Alusões Homoeróticas do Cinema Clássico

ONDE: Cinemateca do MAM (Av. Infante Dom Henrique, 85 – Praia do Flamengo)

QUANDO: 8 a 14 de abril

QUANTO: Ingressos gratuitos