Retrato contundente da ex-catadora de papel que se transformou na maior escritora negra do país do século XX.
A Sala Baden Powell, em Copacabana, apresenta em temporada de 19 a 28/10 a peça “Eu Amarelo: Carolina Maria de Jesus”, um retrato contundente da ex-catadora de papel que se transformou na maior escritora negra do país do século XX. Best seller com mais de um milhão de exemplares vendidos, traduzido em 13 idiomas para 80 países, Carolina Maria de Jesus devotava a sua vida a um propósito: seu amor à literatura que a fez tirar do lixo as palavras, e das palavras, uma forma de combater as desigualdades do mundo. Não é à-toa que Carlos Drummond de Andrade a considerou “a mais necessária e visceral flor do lodo”.
O projeto baseia-se no livro Best Seller da catadora de lixo que se tornou um fenômeno editorial na década de 60. O marco de venda ultrapassa um milhão de livros em mais de 80 países. A peça conta parte do amplo legado da escritora negra mais importantes do Brasil do século XX tendo como referência o livro Quarto de Despejo, diário de uma favelada. Outros livros de sua autoria como Diário de Bitita e Casa de Alvenaria também entraram dando um panorama da vida e obra de Carolina Maria de Jesus.
A atriz Cyda Moreno, que dá voz à Carolina cita que das entranhas de suas múltiplas misérias, e de seus múltiplos talentos; da sua fome de comida, de espaço, de justiça, de igualdade e de democracia, Carolina extraiu poesia e lirismo para fazer ressoar as misérias do povo da favela. Sua literatura repleta de erros de grafia, é peculiar, é recheada de palavras rebuscadas e profundas que reflete as inúmeras fomes do nosso povo por espaço, dignidade, reconhecimento, oportunidades e respeito a nossa identidade. Suas obras evidenciam que o racismo é cíclico e híbrido. Já estamos em outro século. Mas milhares de Carolinas ainda se encontram à margem da sociedade, nas periferias, no sub emprego, debaixo dos viadutos, nos presídios, nos hospícios e na luta diária para vencer a fome. Por isto sua voz não se cala. E ela vive. Os “quartos de despejo” triplicaram. O Brasil precisa conhecer a força de Carolina e a sua realeza.
A peça, com direção de Isaac Bernat e dramaturgia de Elissandro de Aquino apresenta três momentos cruciais na vida da escritora: sua estadia na favela que resultou nos diários, a ascensão literária que a tornou um fenômeno editorial de vendas e o seu esquecimento total. Quarenta anos após a sua morte, o Brasil retorna a olhar para as palavras de Carolina que profetizara: “ninguém vai apagar as palavras que eu escrevi.”
O QUE: Espetáculo “Eu Amarelo: Carolina Maria de Jesus
QUANDO: 18 a 28/10 (sextas, sábados e domingos, 19h)
ONDE: Sala Municipal Baden Powell (Av. Nossa Sra de Copacabana, 360)
QUANTO: R$ 50 (inteira) R$25 (meia)
Ficha Técnica
Com: Cyda Moreno
Dramaturgia: Elissandro de Aquino
Direção: Isaac Bernat
Assistentes de Direção: Bebel Ribeiro e Camila Monteiro
Direção de Movimento: Cátia Costa
Cenário: Sergio Marimba
Figurino: Margo Margot
Costureira: Ana Maria Bergone
Iluminação: Aurélio de Simoni
Trilha Sonora: Isaac Bernat
Preparador Vocal: Jorge Maya
Operador de Luz: Vitor Louveira
Operador de Som: Bebel Ribeiro e Camila Monteiro
Fotografia: Edu Monteiro e Lua Melo
Assistente de Fotografia: Neto Oliveira
Assessoria de Imprensa: Claudia Tisato
Design: Claudio Partes
Produção: Viramundo