Prêmio Shell de melhor autor em 2012, A Marca D’água, espetáculo do Armazém Cia de Teatro, faz curta temporada no Rio, em sua sede, na Fundição Progresso na Lapa, de 07/10 a 15/10, antes de seguir rumo a China, para apresentar-se no festival Whuzen International Theatre Festival. Quem me conhece sabe a importância e serviço prestado pela Cia para a arte brasileira por meio do teatro.
O Armazém, do Paraná, mas há anos radicado no Rio, tem um extenso repertório de teatro que passa por Nelson Rodrigues, Brecht, Shakespeare, e mantém efervescente a pesquisa cênica e de linguagem por meio de espetáculos com dramaturgia própria. Sob a direção de Paulo de Moraes e com dramaturgia de Maurício Arruda Mendonça a Cia tem diversos prêmios e tem-se apresentado mundo a fora com seus espetáculos.
Em excursão pelo Brasil com Hamlet, atual espetáculo da Cia, eles se mostram assertivos no que se propõem a fazer, trazendo para os palcos um texto já batido do bardo inglês, William Shakespeare, mas desconstruído pela concepção cênica deles. Patrícia Selonk carrega o personagem título em mais uma atuação contundente.
O surrealismo, a água e suas marcas
Com uma narrativa que fascina, o espetáculo rendeu indicações e prêmios no ano em que foi lançado no Rio de Janeiro, elogiada por alguns dos principais críticos de teatro do país, amparada em uma cenografia peculiar, cujo principal elemento é uma piscina de 3 mil litros de água no centro do palco. A Marca D’água traz a história de uma mulher, Laura, 40 anos, que vive numa aparente placidez, até que um peixe enorme aparece misteriosamente no seu jardim.
O fato desencadeia lembranças antigas e também os sintomas de um acidente neurológico sofrido na infância. Podendo optar em se curar ou permanecer com os sintomas, a personagem principal, vivida por Patrícia Selonk, escolhe a segunda opção.
O que se segue é uma tentativa de Laura materializar o som constante que ouve dentro de sua cabeça, como uma forma de afirmar-se viva e potente. A história se desenrola com performances em torno e dentro da piscina, com fortes elementos surrealistas e poéticos, a peça aborda a vida.
Do Brasil para a China
O espetáculo passou Edinburgh Festival Fringe, na capital escocesa, ocasião em que recebeu o prêmio Fringe First Award, concedido pelo The Scotsman, o mais influente jornal do país. A montagem foi elogiada também pelo New York Times, que a considerou “emocionante e lindamente encenada”. Em maio, a companhia encenou o espetáculo no Teatro Solis, em Montevidéu, Uruguai. No Brasil, a peça circulou por Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Itabira (MG).
Na China o Armazém Cia de Teatro estará ao lado de grandes artistas do teatro mundial, como: Katie Mitchell, Schaubuhne, Gob Squad (que já teve passagens pelo Rio), Teatro Delle Radici e outros tantos. Vale a pena conferir.
Os ingressos podem ser adquiridos na bilheteria da Fundição Progresso ou pelo site Sympla.