Os dicionários informais apontam que Auê é uma confusão, briga, agitação, zum-zum-zum. Um barulho provocado por discussão, briga, farra… Mas podemos dizer que as definições à palavra foram atualizadas, digamos que é a união de grandes atores, multi-instrumentistas, bailarinos, cantores e tudo isso numa barca, na Barca dos Corações Partidos. Esse é o nome da cia que dá vida e gera o espetáculo “Auê”, que retorna em curta temporada no Teatro Riachuelo no centro do Rio.
São tantas coisas pra falar sobre esse grupo de atores que se desdobram em personagens, coreografias, instrumentos, percussão corporal e técnicas circenses que fica difícil discorrer sobre. A gente pode dizer que é um encontro cósmico, desses que se dão vez em quando, e a união desses atores-pesquisadores com a mão certeira da diretora Duda Maia é tocante. Não me agrada chamar o espetáculo de híbrido, por unir show, teatro, circo, dança e performance. Parece mais assertivo retratar como um acontecimento cênico onde se dispõem de suas habilidades para, não contar uma história, mas sim, suscitar sensações na plateia.
O cenário, desta vez montado em palco italiano, deixa uma vontade grande da circularidade do espetáculo quando apresentado no Sesc Copacabana, pois dá vontade de estar junto, ver melhor dentro dos olhos, observar os pequenos gestos e sorrisos entre os atores. Faixas vermelhas verticais, como uma cama de gato armam o espaço para a encenação, atores/performers dispostos ao fundo, instrumentos ao lado e voilà, faz-se a magia do teatro. Cada um com sua peculiaridade, muito bem explorada pela direção, traz pra cena as nuances necessárias para prender o espectador e traçar a linha tênue da empatia, pois é mais difícil conectar com algo não linear, mais sensorial, é preciso disposição. No entanto, se torna fácil o link entre ambos por falarem de amor, desses que a gente não encontra mais hoje em dia, amor romântico, de cartas escritas e não enviadas, de encontros furtivos, beijos roubados, amores proibidos e até mesmo amores bandidos, daqueles em que um trai o outro e aquele pobre coração segue a sofrer.
O tempo passa voando, a cada canção é percebida a chegada do fim, e o início da saudade de estar ali e participar desse encontro aparece. É chegada a hora de partir, adeus a Barca, ou melhor, até logo, pois eles podem ser vistos em outra aventura, não menos interessante, ao adentrar a obra de Suassuna, no espetáculo Suassuna – O Alto do Reino do Sol, também em cartaz no Teatro Riachuelo.
AUÊ no Teatro Riachuelo Rio
Quando: de 05 de Julho a 20 de Agosto, quartas às 20h30 e sábados e domingos às 17h;
Onde: Teatro Riachuelo Rio – Rua do Passeio, 40, Centro;
Quanto: Ingressos antecipados em https://goo.gl/3JQ9tm.
Imagem: Divulgação