Já no prólogo do livro “”, de Lira Neto, a sentença: “o samba agoniza, mas não morre. Reinventa-se, orbitando entre os signos ancestrais da festa e da agonia. Tributário da grande diáspora africana, soube sobreviver à gramática do chicote e da senzala”. Além da sentença, uma surpresa para muitos: o maestro Heitor Villa Lobos aparece como responsável por reorganizar os chamados “cordões carnavalescos” na década de 30, passo decisivo para o carnaval ganhar os contornos que tem hoje. O autor das Bacanas Brasileiras era diretor do Departamento de Música da Secretaria de Educação do Distrito Federal.

O livro é o primeiro volume de uma trilogia do jornalista e traça uma biografia do ritmo que simboliza o Brasil, cujo personagem central o próprio autor afirma que “nasceu maldito e cativo. Cresceu liberto das amarras”. Neto se debruça em documentos oficiais para ir às entranhas do samba, da última década do século XIX até os anos 30 do século XX.

Lira Neto, autor consagrado por outra trilogia (Getúlio) tem uma escrita ágil e deliciosa. Uma grande reportagem na qual resgata personagens fundamentais da história do samba e ainda pouco conhecidos do grande público, como Zé Espinguela, Hilário Jovino, entre outros. Leitura obrigatória para quem quer viajar no tempo e conhecer o DNA do samba.

Uma História do Samba: As Origens
Lira Neto
Companhia das Letras
368 páginas

Texto: Jairo Sanguiné
Imagem: Paulo da Portela, Heitor dos Prazeres, Gilberto Alves, Bide e Armando Marçal, acervo da família de Marçal/Divulgação