Com direção do premiado Isaac Bernat e texto de Guilherme Siman , a obra questiona até que ponto uma disputa de narrativas pode desconstruir o nosso senso de realidade

Por Assessoria / R3S

Inspirada no cinema noir dos anos 1950, em especial em Crepúsculo dos Deuses, a peça online “Diva” estreia nesta quinta-feira o YouTube. A dramaturgia foi concebida durante a quarentena para o formato híbrido e é assinada por Guilherme Siman (Filhos da Pátria/Confissões de Mulheres de 50). A direção é do premiado Isaac Bernat (Prêmio Zilka Salaberry de Melhor Direção e Prêmio Botequim Cultural de Melhor Ator), que também é professor (CAL) e doutor em Teatro (UNIRIO).

A encenação será gravada em plano-sequência com dois celulares em um cenário montado em um galpão no centro da cidade, com a direção de fotografia de Romulo Americano. Os bastidores e os profissionais da equipe de gravação e produção vão integrar o cenário em uma tradução estética da própria temática da peça. “Achar um novo formato é o desafio, o texto trabalha com essas fronteiras: o que é delírio e o que é realidade, o que é cena e o que é bastidor”, comenta o autor Guilherme Siman.

Nesta curta temporada, de 5ª a domingo, o público vai conhecer a história de uma famosa atriz que se deixa envolver por disputas de narrativas virtuais e perde o contato com a realidade. O elenco conta com a atriz Monique Houat – que vai interpretar tanto a Atriz quanto a Assassina, e com os atores Izak Dahora e Gabriel Vaz, que vão interpretar diversos outros personagens.

“Não há um compromisso com o realismo. As atuações são realistas, mas a direção tem uma liberdade completa de usar todos os códigos e mostrar os bastidores. É uma aventura em que trabalharemos a ideia de ‘nada no bolso ou nas mãos.’ Vamos correr riscos, aceitar a imprevisibilidade e mostrar esta ousadia para o espectador com o frescor que este gesto pode trazer”, acrescenta o diretor Isaac Bernat.

O humor e a ironia estão presentes, porém não se trata de uma sátira e nem de uma paródia. A ‘peça’ tem gênero policial, pouco comum na nossa dramaturgia, e aborda questões atuais como fake news, jogos de poder, manipulação e disputa de narrativas. As personagens são desconstruídas ao longo da narrativa, que é apresentada com recursos emprestados da literatura e do cinema como a ordem cronológica inversa e narrador não-confiável. A nova obra foi realizada devido ao patrocínio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, por meio do Edital da Lei Aldir Blanc RJ/Retomada Cultural.

Diva não é uma comédia nem um drama. É uma peça curta, aguda e intrigante como um episódio de Black Mirror. Não há moral da história. Não existem heróis nem  vilões. Todas as personagens estão erradas. Uma tênue catarse. A Atriz demonstra os perigos da credulidade e a Assassina, as tentações da crueldade. Ambas são protagonistas de um mundo que devemos, a todo custo, combater.

No espetáculo, a atriz Monique Houat interpreta duas personagens diferentes que se conectam no decorrer da
peça.  Sobre uma dessas personagens, a atriz Giovana Dantas, Monique fala que é uma personagem que está prestes a ter um “boom” em sua carreira. “Ela se entrega para entender completamente a assassina que irá interpretar. É bem-humorada, mas é super irônica. Além de ser dura e explosiva”. Já sobre a segunda personagem , a assassina, Monique conta que a mulher que servirá de inspiração para a atriz, “é uma mulher culta, inteligente, debochada e com uma personalidade forte”.

Para interpretar personagens tão diferentes numa mesma peça, ela revela que o processo exigiu  uma preparação específica de corpo e voz. “Experimentei posturas diferentes, assim como o jeito de andar e o modo de sentar. Além disso, fizemos um trabalho vocal para diferenciar as personagens de acordo com a personalidade de cada uma, incluindo um trabalho de sotaque característico. É claro que o figurino ajuda no resultado final, mas a diferença se dá na na sua junção com o trabalho vocal e corporal.

 

>>> O projeto conta com três Lives no Instagram da peça em que o diretor Isaac Bernat vai conversar com integrantes da equipe: dia 20 de Fevereiro com o autor Guilherme Siman; e mais duas em Março (com datas ainda não definidas) em que ele bate um papo com o elenco e com a equipe de criação.

 

 Sinopse:

Diva conta a história de uma atriz, conhecida pela veia cômica, que vê no papel perturbador de uma assassina a oportunidade de dar uma virada em sua carreira. Estudando sobre o caso para se preparar para o papel, a Atriz depara-se com uma história bem diferente da oficial e, mergulhando cada vez mais fundo nessa possível verdade, transforma a própria vida num thriller. Ela resolve reconstruir a narrativa do filme em que está atuando e reinventa sua personagem durante as filmagens. A cada dia ela se torna mais convicta de ser alvo de uma grande conspiração e tem sua sanidade mental questionada pelos outros personagens – mas não pelo público que acompanha as suas investigações. Há outro ponto de vista: o da própria Assassina que inspirou o filme e que, também, à sua maneira, se deixou enlouquecer e abraçar pelo mundo das teorias conspiratórias.

 

O Diretor – Isaac Bernat

Diretor, ator e professor de interpretação da Faculdade CAL. Doutor em Teatro pela UNIRIO. Autor do livro Encontros com o griot Sotigui Kouyaté (Editora Pallas). Integrante do corpo docente do Curso de Especialização em Literatura, Arte e Pensamento Contemporâneo da PUC-RJ. Prêmio Botequim Cultural como ator por Incêndios, direção de Aderbal Freire Filho. Prêmio Zilka Salaberry, pela direção de Lili, uma História de Circo, de Lícia Manzo. Entre seus trabalhos como diretor, destacam-se: O Encontro – Malcolm X e Martin Luter King Jr, de Jeff Stetson, EU AMARELO – Carolina Maria de Jesus, de Elissandro de Aquino, o celebrado musical Deixa Clarear e Por Amor ao Mundo – Um Encontro com Hanna Arendt, ambas de Marcia Zanelatto, e Calango Deu de Suzana Nascimento. Como ator seus trabalhos mais recentes são: Pá De Cal de Jô Bilac, Agosto de Tracy Letts, Incêndios e Céus de Wajdi Mouawad, Cara de Fogo de Marius Von Mayenburg, Mulheres Sonharam Cavalos de Daniel Veronesi e Mão na Luva de Oduvaldo Vianna Filho.

 

O Autor – Guilherme Siman

Escritor e ator, formado pela CAL (2006). Escreveu, produziu e dirigiu os espetáculos 9 Meses – Concepção e Mulher sem Umbigo. Integrante daCia. Teatro de Extremos desde 2005 – na qual desempenhou diversas funções, da dramaturgia à iluminação e trilha sonora – escreveu, produziu e atuou no monólogo Queda, dirigido por Fabiano de Freitas. Assina a tradução da montagem brasileira de Agosto, peça de Tracy Letts (Pulitzer). Nas Rádios MECe MultiRio, adaptou contos clássicos da literatura para radiodramaturgia, além de escrever obras autorais, algumas em gênero fantástico, explorando a linguagem específica do rádio. No audiovisual, fez parte das salas de roteiro de obras como a série E aí, comeu…? (Multishow), a comédia de época Filhos da Pátria (GloboPlay), ambas de Bruno Mazzeo, Confissões de Mulheres de 50 (Canal Brasil), de Domingos Oliveira, e o polêmico filme de ação O Doutrinador.

 

 

SERVIÇO

Estreia: 25 de março, 5ª feira

Curta temporada: 25, 26, 27 e 28 de março, de 5ª a domingo

Horário: 20h

Duração:35 minutos

Canal YouTube: http://bit.ly/divateatronline

Instagram: @divateatroline

Facebook: https://www.facebook.com/divateatronline