No dia Nacional do Livro, REVISTA 3SINAIS indica 5 obras imprescindíveis para compreender o Rio de ontem e de hoje.

Por Jairo Sanguiné / R3S

Neste dia 29 de outubro é celebrado o Dia Nacional do Livro. A data é uma referencia ao dia da inauguração da Biblioteca Nacional em 1810, quando a Biblioteca Real Portuguesa foi transferida para o Rio de Janeiro.

Para homenagear a data, a REVISTA 3SINAIS selecionou cinco livros fundamentais para conhecer a nossa cidade. Na verdade são milhares de obras que reverenciam a cidade, desde Machado de Assis, Lima Barreto, passando por João do Rio até chegar em autores contemporâneos como Ruy Castro e Geovani Martins entre tantos, sem esquecer Drummond, Vinícius… A escolha foi difícil, mas acreditamos ser apenas uma amostra da tanta obra que tem o Rio como tema

  1. A alma encantadora das ruas, de João do Rio.

Publicado pela primeira vez em 1908, o livro traz uma coletânea de contos e histórias sobre paixão de João do Rio pela Cidade Maravilhosa. o terceiro e um dos mais conhecidos livros do autor. As crônicas, originalmente publicadas na imprensa do início do século XX, mostra cenas da Belle Époque à brasileira: o contraste entre o glamour dos salões da sociedade e a brutal marginalização da “plebe ignara”.

 

  1. Metrópole à Beira-Mar, o Rio moderno dos anos 20, de Ruy Castro

A história da cidade do Rio de Janeiro, em seus 455 anos, é riquíssima, mas o período entre o carnaval de 1919 e  a Revolução de 30 é particularmente interessante. E é exatamente a década de 20 do século passado que o escritor Ruy Castro, autor de biografias extraordinárias como as de Nelson Rodrigues, Carmen Miranda, Garrincha, entre outras obras que tem o Rio como cenário, reconstitui deliciosamente no livro “Metrópole à Beira Mar, o Rio moderno dos anos 20”.

Nesses tempos de confinamento, é uma excelente dica de leitura, até porque no início da obra ele relata uma epidemia que atingiu o mundo em 1918 e que em pouco tempo atingiria 1/5 da população do planeta, algo em torno de 50 milhões de pessoas. Era a chamada Gripe Espanhola, que deixou doente da metade da população carioca e matou 15 mil. Em outubro daquele ano, a gripe começou a arrefecer até desaparecer no final do ano, o que levou as pessoas a quererem fazer, do carnaval de 1919, o maior de todos. Afinal, se a epidemia voltasse poderia ser o último…

O próprio Ruy Castro pergunta na apresentação do livro: “o que aconteceu no Rio entre o Carnaval de 1919 e a Revolução de 30?” Ao que ele mesmo responde objetivamente: “tudo”.

 

  1. O SOL NA CABEÇA, de Geovani Martins

O texto desse jovem escritor, cria dos morros cariocas é de deixar em estado de perplexidade. leitura imprescindível pra quem quer conhecer mais sobre a juventude dos morros cariocas neste terceiro milênio. O livro é a prova de como a língua portuguesa é dinâmica e linda.. Não foi à toa que Chico Buarque ficou “chapado”  com a leitura desse livro.

Geovani surgiu na Festa Literária das Periferias, a Flup, evento que revela e convida escritores periféricos do Brasil e do mundo, dando merecido destaque e visibilidade esses artistas merecem. A partir daí, o sucesso foi absurdo, com participação do autor em programas de TV, destaque em colunas de jornais…

Nesse livro de contos, o autor vai de Bangu (tradicional bairro popular do Rio) à Rocinha (maior favela do país), passando pela orla e bairros ricos, mas também transita entre linguagens, indo da tradicional prosa poética à coloquialidade da expressão oral.

 

  1. PROFISSÃO: SUBURBIO, de Leandro Leal

O subúrbio do Rio é uma fonte inesgotável de temas para quem gosta de escrever sobre o cotidiano carioca. E Leandro, que vem desse subúrbio cheio de vida, é um autor moderno. Apareceu para o mundo literário a partir da internet. No livro, além de crônicas inéditas ainda publica crônicas de sua página Facebook. Seu texto transforma o drama de quem vive no subúrbio, em algo leve, divertido.

 

  1. O CRIME DO CAIS VALONGO, de Eliane Alves Cruz

Trata-se de um importante romance investigativo e histórico sobre o Cais Valongo, um dos grandes marcos da escravização no Rio de Janeiro. Eliane é jornalista e fez uma profunda pesquisa histórica para construir sua narrativa, com registros de jornais de época, indo do Moçambique ao Rio e contando os fatos sob uma perspectiva frequentemente ignorada: pessoas que, muito mais do que reduzidas a “escravos”, têm uma história.

O romance histórico-policial começa em Moçambique e vem parar no Rio de Janeiro, mais exatamente no Cais do Valongo. O local foi porta de entrada de 500 mil a um milhão de escravizados de 1811 a 1831 e foi alçado a patrimônio da humanidade pela UNESCO em 2017. A história acontece no início do século 19 e é contada por dois narradores — Muana e Nuno — que conviveram com a vítima: o comerciante Bernardo Vianna.