Os temas em torno da Segunda Guerra parecem inesgotáveis, tanto para a literatura quanto para o cinema. A todo momento algum escritor ou cineasta encontra um viés novo, um detalhe ou um personagem interessante daquele período e transforma em livro ou filme. A questão é: raramente surge algo realmente interessante, principalmente do ponto de vista cinematográfico. Difícil aproximar-se de obras como “A Lista de Shindler”, “A Vida é Bela”, “O Pianista” e produções recentes como “O Jogo da Imitação”.

Este ano dois filmes com o tema estão chamando a atenção, e ambos tem crianças como protagonistas. O que não é novidade, pois são incontáveis os filmes e livros sobre as crianças que sofreram com a guerra. Talvez por isso seja difícil surgir algo diferente do tanto que já se produziu na literatura ou nas telas. No caso de “A Viagem de Fanny” (Lola Doillon) e “Os Meninos que Enganavam os Nazistas” (Christian Duguay), nada de novo no front. Feitos para tentar emocionar através dos horrores dos nazistas contra crianças, ambas produções tem méritos e defeitos. Méritos pelas interpretações fantásticas dos protagonistas, pela fotografia bem cuidada e pelo apelo emocional intrínseco quando se trata de crianças tentando sobreviver num ambiente de guerra. Defeitos por não buscarem a essência do cinema, por retratarem de maneira burocrática e didática demais algo que tinha tudo para se tornar uma obra de impacto visual e mesmo emocional apesar do tema já ter virado clichê.

Mesmo não sendo nenhuma novidade cinematográfica, como foi o excelente “O Menino do Pijama Listrado”, de 2008, essas duas produções francesas valem ser assistidas, porque é sempre importante lembrar dos horrores cometidos pelos nazistas, sobretudo quando esses horrores envolvem crianças. Os dois filmes mostram o rito de passagem da infância para a adolescência em meio à guerra, crianças que tiveram, muitas vezes, que negar suas origens em nome da sobrevivência.

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