Direita e esquerda falharam. Em 2050 o mundo será tão diferente que as fórmulas que usamos para almejar uma sociedade melhor perderão muito do sentido. A informação, as mudanças climáticas e o neoliberalismo, entre outros, encaminham o sistema capitalista para o colapso. Cabe a nós agir desde já para garantir que o que vem depois não seja um cenário pós-apocalíptico. Felizmente, já temos uma estratégia traçada.

É o que propõe o jornalista e escritor britânico Paul Mason em “Pós-Capitalismo: Um Guia Para O Nosso Futuro” (de 2015, publicado agora pela Companhia das Letras). Em sua exposição do desenvolvimento do capitalismo, o livro é uma instigante mistura de fragmentos históricos, políticos, culturais e, principalmente, econômicos. A esperta escrita jornalística de Mason torna palatável a variedade de dados e a análise, de inspiração marxista – o autor é um ex-trotskista que hoje se diz “social democrata radical”.

Por outro lado, as conclusões e o “guia para o futuro” em si são expostos rapidamente, com uma ingenuidade que beira a displicência. Dá a impressão de que ele evitou desenvolver um segundo livro. De nota, há a proposta da renda básica universal para aplacar a iminente destruição dos empregos pela automação. É uma ideia que tem sido considerada por figuras como Bill Gates e testada em países como a Finlândia.

Mas mesmo que não entregue exatamente o que promete, “Pós-Capitalismo” é importante para situar o leitor em um contexto histórico atual possível. Especialmente no Brasil, onde temos o hábito de achar que todos os problemas são genuinamente brasileiros e parecemos ter emperrado em uma chatíssima batalha entre coxinhas, petralhas e o judiciário, financiados pelas mesmas empresas.

Pós-Capitalismo: Um Guia para o nosso Futuro
Paul Mason
Companhia das Letras
472 páginas

Texto: Roberto Soares Neves
Imagem: Divulgação